Nísia Trindade, ministra da Saúde, concedeu entrevista à Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (29), para comentar sobre as ações anunciadas pelo governo federal e o que está em articulação para o Rio Grande do Sul. Segundo a ministra, as principais preocupações no momento são com as doenças provocadas pelo contato com a água da enchente e problemas respiratórios, mais frequentes nessa estação.
— Sabendo que, em casos de inundação, é conhecido aumento de casos de leptospirose, doenças diarreicas e vários outros problemas de saúde, sejam doenças infecciosas, tudo isso está ligado a doenças transmitidas pela água. Então várias medidas foram tomadas, vacinas para os problemas para os quais temos vacinas, é o caso de hepatite A e raiva — disse a ministra.
No caso de leptospirose, Nísia disse haver orientação para os órgãos de saúde, em conjunto com o Ministério da Saúde, Estado e municípios, que não se espere pela confirmação do diagnóstico para o uso da medicação, existindo sintomas após o contato com a água. Além disso, reforça a importância de buscar atendimento médico.
Sobre as expectativas de ações para municípios gravemente atingidos, como Canoas, na Região Metropolitana, a ministra reafirmou o trabalho entre a pasta e as cidades. De acordo com Nísia, o governo herdou uma situação de defasagem no teto SUS desde 2016.
— Desde o ano passado a prioridade do Ministério da Saúde foi ampliar os recursos repassados anualmente em todos os Estados, incluindo o Rio Grande do Sul. Esses aportes, somando 2023 e 2024, no Estado e envolvendo municípios, é de mais de R$ 500 milhões de acréscimo. Agora, essa é uma situação que progressivamente estamos corrigindo uma defasagem que ocorre principalmente a partir de 2016 — disse Nísia.
A ministra disse, ainda, que há um trabalho de fortalecimento do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e que, nesse momento, a prioridade do governo federal será a ampliação de leitos. Com relação à destinação de recursos, Nísia falou que estão trabalhando com as prefeituras e hospitais para definir prioridades. Além disso, afirmou que há um plano para dar mais acesso a especialistas para população, permitindo uma melhor remuneração, além do estipulado pela tabela do Sistema Único de Saúde.
Sobre recursos específicos para o momento no Rio Grande do Sul, a ministra fala sobre a destinação de R$ 815 milhões para serviços de saúde.
— Aqui no Estado nós teremos que fazer algo a mais, isso que é importante dizer. Nós estamos vivendo uma situação de emergência, com todo esse impacto na rede. Então nós estamos trabalhando, acertando o plano de trabalho e revendo a cada momento, pois são situações distintas. Nós temos já na medida provisória, R$ 815 milhões destinados a ações de custeio para pensar o fortalecimento dos serviços — disse a ministra.
Segundo ela, o governo realizou processo seletivo, no Grupo Hospitalar Conceição, para contratação temporária de profissionais, visando a abertura de 115 leitos. Desses, 50 devem ser inaugurados até a próxima semana. Além disso, o Ministério da Saúde deve trabalhar diretamente com municípios para abrir mais leitos hospitalares.
— O que nós vamos fazer também esta semana é uma análise com o Estado e municípios para a abertura de novos leitos. Isso é muito importante porque no quadro unitário nós temos, falamos de leptospirose, mas a nossa grande preocupação é com as doenças respiratórias, que aumentam essa época do ano e principalmente em situações que as pessoas estão fora de suas casas, nos abrigos onde há concentração entre as crianças, que sempre é uma época do ano que propicia.