Inovação, troca de conhecimento e debates sobre políticas públicas são os focos do 26º Congresso Brasileiro de Mastologia, que ocorre nesta semana em Porto Alegre. O evento começou na quarta-feira (10) e tem programação até sábado (13), no centro de eventos do BarraShoppingSul, na zona sul da Capital. A organização é da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da regional da entidade no Estado (SBM-RS).
O encontro reúne autoridades nacionais e internacionais da mastologia, especialidade médica que cuida das glândulas mamárias. O controle do câncer e os desafios para o Estado e o país no enfrentamento à doença são também objetivos das palestras e painéis. O evento reúne 1,2 mil participantes.
A Lei de Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, publicada no final de 2023, foi um dos principais temas na pauta dos participantes nos dois primeiros dias: especialistas discutiram quais são as mudanças originadas com a nova legislação e os impactos dela no acesso da população brasileira à saúde.
— É um assunto importante porque o Brasil não consegue diminuir a mortalidade do câncer de mama. Nosso diagnóstico não é precoce, mesmo sendo a principal causa de morte por câncer em mulheres brasileiras — resume Andréa Damin, presidente do congresso e da SBM-RS.
Nesta quinta-feira (11), a saúde da mulher do Estado motivou a confecção da chamada Carta de Porto Alegre, elaborada em conjunto pelo poder público com organizações não-governamentais.
O documento foi encabeçado por José Luiz Pedrini, coordenador da Mastologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição. O objetivo é sugerir políticas para reduzir a mortalidade por câncer de mama no Estado e no Brasil.
— A proposta é melhorar o acesso ao diagnóstico. Também precisamos de uma gestão mais qualificada no encaminhamento de pacientes para tratamento: após um diagnóstico alterado na mamografia, elas perdem muito tempo até conseguir um local que tenha serviço de biópsia — exemplifica Andréa.
A especialista cita que o evento selecionou nomes relevantes da área. A aula magna, no primeiro dia, foi conduzida por Ben Anderson, professor de Cirurgia e Medicina de Saúde Global na Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Ele abordou o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a incidência do câncer de mama em 2,5% por ano, que pouparia 2,5 milhões de vidas em duas décadas, na conta da entidade global.
Outro nome destacado pela presidente da SBM-RS foi Monica Morrow, chefe do Departamento de Cirurgia Mamária do Sloan Kattering Cancer Center de Nova York, também nos Estado Unidos.
— Ela é uma das principais pesquisadoras sobre câncer de mama do mundo. A cirurgia está cada vez menos agressiva, mas o problema é a falta de acesso no Brasil. Não podemos ter uma tecnologia de ponta e não pensar em usá-la na saúde pública. O congresso é global também nesse assunto: discutimos avanços na pesquisa do câncer de mama com o olhar para o público — acrescenta Andréa.
A programação do 26º Congresso Brasileiro de Mastologia pode ser conferido no link.