O período de volta às aulas coincide com a troca de estação – o outono chega no próximo dia 20 - e a esperada diminuição na temperatura. A presença em ambientes fechados, junto da mudança no tempo tende, segundo especialistas, a causar mais infecções virais nas crianças, como também acontece nos meses do inverno.
Segundo o supervisor médico do Controle de Infecção e Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Porto Alegre, Fabrizio Motta, a nova configuração do clima propicia o contágio de dois grupos de enfermidades:
— Se intensificam as doenças alérgicas, como rinites e crises de asma. E isso impacta nas doenças infecciosas que acometem o trato respiratório. Aumenta a circulação de vírus, alguns deles têm uma certa sazonalidade, apesar de que isso mudou um pouco após a pandemia.
Em dias mais frios, a prática de deixar portas e janelas fechadas contribui com a propagação de doenças, destaca o especialista.
— As pessoas ficam mais aglomeradas dentro dos locais. Portanto, temos que manter aquelas orientações da pandemia: deixar os espaços mais arejados, evitar ficar me lugares fechados por muito tempo. São formas de prevenção às doenças que começam a aumentar nesse período — salienta Motta, lembrando que, no reencontro dos alunos, também é possível que uma criança transmita doenças para os colegas.
Para crianças menores de dois anos, o médico aconselha que não sejam levadas para a escola se apresentarem sintomas:
— Sabemos que os pais precisam deixá-las na creche ou na escolinha para poderem trabalhar, mas neste caso é melhor manter um período de isolamento. Mesmo antes da covid-19, isso sempre foi recomendado para os outros vírus.
Casos mais graves de infecções virais, conforme o especialista, podem ocasionar falta de ar e eventual necessidade de oxigênio, causando internação e risco de morte. Motta acrescenta que crianças com histórico de outras doenças requerem mais atenção.
— Alguns pacientes têm maior risco, como os cardiopatas, os transplantados, os que apresentam doenças pulmonares crônicas, os prematuros com sequelas pulmonares, os que estão em tratamentos oncológicos e crianças com problemas neurológicos ou de imunidade — detalha o infectologista.
Cuidados recomendados aos pais
A pediatra Antônia Chagas alerta que o vírus da covid-19 continua circulando, mas a adesão à vacinação é muito baixa, ainda que o período mais letal da doença tenha passado. Aprendizados deixados pela crise sanitária iniciada em 2020 seguem valendo contra as demais doenças respiratórias.
— Para prevenção, é bom nos atentarmos à higiene pessoal. Evitar aglomerações, fazer testes e usar máscara — sugere a pediatra.
Assim que os primeiros sintomas surgirem, a indicação de Antônia é procurar atendimento médico para iniciar o tratamento o mais cedo possível. Entre eles, prostração, sonolência, respiração rápida ou forçada e falta de ar.
— Importante ficar atento aos sinais de crise, principalmente, os que já tem algum tipo de doença de base associada. E não esquecer de fazer a higiene nasal da criança — recomenda a pediatra.
Antônia aconselha uma relação próxima entre famílias e professores, que devem sempre trocar informações sobre o estado de saúde das crianças, a fim de evitar novos contágios.
Importância da vacina
Fabrizio Motta destaca a importância da imunização contra enfermidades como a gripe — que terá antecipação na campanha de imunização, segundo o Ministério da Saúde — e a covid-19, além da vacina pneumocócica, que previne de pneumonia, meningite e otite.
— É importante que o calendário vacinal esteja em dia para que diminua a circulação dos vírus e das bactérias, tanto em casa quanto nas escolas — incentiva.
Antônia Chagas também destaca a vacinação contra a gripe. Para além da campanha no Sistema Único de Saúde (SUS), que deve iniciar nas próximas semanas, ela ressalta o imunizante disponível nas clínicas particulares:
— Na rede privada tem a tetravalente, para quatro tipos de influenza. Nos postos, serão as vacinas trivalentes, que protegem contra três cepas do vírus.
Vírus que podem causar síndromes gripais em crianças:
- Rinovírus
- Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
- Adenovírus
- Parainfluenza
- Metapneumovírus