É notório que algumas doenças alérgicas e infecciosas são mais frequentes durante o inverno. O frio colabora para uma série de comportamentos favoráveis a transmissão de vírus. Ficar bastante tempo em ambientes fechados, com pouca ventilação e com a presença de outras pessoas facilita a transmissão de gripes, resfriados e da covid-19.
Segundo o virologista e professor da Universidade Feevale Fernando Spilki, doenças alérgicas e infecciosas começam a ganhar força no outono do Rio Grande do Sul, persistindo durante os meses de inverno. Ele afirma que a lista de vírus mais comuns nesta época do ano sofreu uma variação por causa da pandemia de covid-19, mas que agora está voltando ao normal pré-pandemia.
— O perfil que encontrávamos antes da pandemia é de influenza, ou gripe, em adultos, e casos de vírus sincicial respiratório entre crianças e idosos. Nos anos anteriores, havia uma certa loucura, com muitos casos de influenza, inclusive no verão, vírus sincicial respiratório e, claro, SARS-CoV-2 — aponta.
Juntamente com o resfriado, essas são as doenças virais mais comuns do inverno. Spilki explica que esses vírus circulam o ano inteiro, mas que os comportamentos adotados durante os meses de outono e inverno propiciam a transmissão, fazendo com que a incidência aumente.
— Nas épocas mais frias, as pessoas costumam ficar mais aglomeradas em ambientes fechados e mal ventilados, e lavam menos as mãos. Todos esses hábitos fazem com que a transmissão dos vírus aconteça com mais facilidade — explica.
Conheça os vírus mais comuns
- Resfriado: causado, na maioria das vezes, por rinovírus. Coceira no nariz, irritação na garganta, espirros e secreções nasais são alguns dos principais sinais da infecção. Pode causar febre baixa
- Gripe: causada pelo vírus influenza (H1N1, H3N2, Influenza A e Influenza B, por exemplo). Os sintomas mais comuns são febre, vermelhidão no rosto, dores no corpo e cansaço. A doença também traz sintomas respiratórios fortes, como tosse seca, espirro e secreções nasais
- Vírus sincicial respiratório (VSR): vírus respiratório comum que geralmente causa sintomas leves e semelhantes ao resfriado. Em alguns casos, o VSR pode ser grave, especialmente para lactentes, crianças menores de cinco anos e idosos
- Covid-19: causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Os sintomas iniciais são principalmente respiratórios, semelhantes aos de um resfriado comum, com presença de dores de cabeça, musculares ou articulares
Como se proteger
Para o infectologista do Hospital Moinhos de Vento Paulo Gewehr, a prevenção é simples: vacinar-se, reforçar os hábitos de higiene e manter os cuidados de sempre com a saúde. Entre os vírus citados, dois não contam com vacina para proteção, que é o caso do VSR e do resfriado. Já contra a gripe e a covid-19, é possível se proteger com a ajuda dos imunizantes disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas clínicas particulares de vacinação.
— É importante estar com a saúde no melhor equilíbrio possível, tanto na questão do tratamento de doenças crônicas, como nos cuidados com o sono, alimentação saudável, bem-estar mental e rotina de atividades físicas em dia — pontua o especialista. Segundo ele, a regulação desses fatores permite uma imunidade alta, o que pode ser benéfico para evitar a contaminação, ou, ainda, para garantir sintomas leves.
Ambos os especialistas chamam atenção para os hábitos invernais. A recomendação é permitir que o ar circule em ambientes fechados, como salas de aula e vagões de trem, por exemplo. Além disso, é essencial que as pessoas lavem sempre as mãos, com água e sabonete, e usem álcool em gel para evitar a propagação de germes.
— Se a pessoa estiver com sintomas, o conselho é tentar ficar em casa e diminuir a chance de passar para outras pessoas. Também é importante evitar o contato próximo com doentes — aconselha Gewehr.
Em alguns casos, o uso de máscaras de proteção, como era necessário durante os momentos mais difíceis da pandemia de covid-19, pode ser uma solução. O infectologista pontua que pode ser interessante para passar segurança aos pacientes do grupo de risco, que são crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas, em ambientes de maior risco, como salas de espera de hospitais e emergências, por exemplo.
*Produção: Yasmim Girardi