Instituição de saúde atingida pela tempestade da terça-feira (16), o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), em Porto Alegre, busca recursos para recuperar danos na parte de sua estrutura que atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto faz tratativas junto aos governos federal, estadual e municipal, o estabelecimento também pede doações para a conclusão dos reparos. A estimativa é de que prejuízo tenha sido de R$ 13,5 milhões.
Conforme a casa de saúde, o principal impacto foi fruto de um forte vento oeste, que atingiu o décimo andar do prédio principal e o bloco dos ambulatórios, o que fez com que parte do telhado fosse levada pelo vendaval.
O incidente causou estragos na unidade de internação do lado oeste do nono andar e alguns quartos do quinto, do sétimo e do oitavo andar, além de espaços dos ambulatórios e das áreas de emergência. Entre os prejuízos, também estão a perda de computadores, mobiliário e estruturas de gesso.
Nesta quinta-feira (25), a pedido do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, ocorreu uma visita técnica ao local, realizada pelo engenheiro Rogério Lima, do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência do Ministério da Saúde, para averiguar os estragos. A pasta, contudo, informou em nota que "a gestão do Hospital São Lucas é municipal" e que é de competência do ministério "realizar o repasse ao Estado, que distribui às cidades conforme as necessidades".
A Secretaria Estadual de Saúde (SES), por sua vez, confirmou que recebeu um pedido da instituição da PUCRS de ajuda orçamentária para a recuperação dos prejuízos. Atualmente, a equipe técnica realiza uma análise da documentação apresentada no ofício, que demonstra os danos, para avaliar "como a SES pode contribuir para a recuperação do hospital". Não há, no entanto, um prazo estipulado para essa definição.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) relatou que uma reunião junto ao estabelecimento ocorreu na terça-feira (23), na qual técnicos conferiram in loco os transtornos. A pasta intermedeia a solicitação de apoio financeiro para Estado e União. Com exceção das oncológicas, todas as primeiras consultas (de pacientes que estão iniciando acompanhamento) marcadas pelo SUS até o dia 20 de fevereiro foram canceladas.
Doações
Por lei, hospitais públicos não podem receber doações em dinheiro. Estabelecimentos filantrópicos como o São Lucas, no entanto, mesmo que atendam pelo SUS, podem angariar recursos e utilizá-los em sua estrutura, desde que o montante não vise lucro. A prefeitura confirmou que esse tipo de doação pode acontecer, que a instituição destinou uma conta própria para esse fim e que, depois, prestará contas ao poder público nesse sentido. A chave-pix para contribuir é: doacao.hsl@pucrs.br.
Conforme o médico e diretor técnico do hospital, Fabiano Ramos, embora a instituição ofereça atendimento particular e por meio de convênios, a necessidade de doações ocorre porque o espaço afetado é voltado ao SUS, ao contrário da área destinada aos consultórios privados, que não foi atingida.
— Nós conseguimos manter (o atendimento SUS) com os recursos dos convênios, a gente acaba tirando recurso dos convênios para manter os atendimentos do SUS, e é isso que acontece em qualquer instituição filantrópica. Quando acontece esse tipo de situação, como a do temporal, para conseguir manter todos os atendimentos do SUS, precisamos da ajuda das secretarias municipal e estadual, e do Ministério da Saúde. Não tem nenhum outro jeito — afirma Ramos.
Funcionamento do atendimento SUS
Sem parte do telhado e com a limitação imposta pela interdição dos dois últimos andares, o HSL está operando com 90 consultórios fora de uso.
Conforme a direção do São Lucas, os atendimentos mantidos estão sendo realizados no Centro de Reabilitação do hospital. Para isso, divisórias precisaram ser instaladas para possibilitar os atendimentos clínicos. No bloco cirúrgico, os atendimento estão ocorrendo dentro da normalidade.