Foram divulgados nesta quinta-feira (30), pelo Ministério da Saúde, dados do boletim epidemiológico sobre HIV/aids de 2023, prévia do dia mundial de luta contra a doença celebrado nesta sexta-feira (1º). Em Porto Alegre, a mortalidade em 2022 apresentou um aumento de 5% em relação a 2021.
Além de ultrapassar a taxa brasileira em quase seis vezes, a mortalidade na Capital é quase três vezes maior do que a do RS. Em relação à detecção de aids, Porto Alegre caiu duas colocações: estava em terceiro em 2021 e, agora, em quinto – ainda assim, tem três vezes a taxa nacional e o dobro da taxa do Estado.
— Isso já é histórico aqui em Porto Alegre, visto que, proporcionalmente, temos mais casos dentre todas as capitais brasileiras – reconhece Fernanda Vaz, assessora técnica da Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Diretoria de Vigilância em Saúde da prefeitura de Porto Alegre.
Além da mortalidade, Porto Alegre lidera em outros índices, como no ranking das capitais segundo o índice composto. Porto Alegre também é a Capital com a maior taxa de detecção de gestantes com HIV – 17 casos para cada 1 mil nascidos vivos, o que representa cinco vezes a taxa nacional – ainda que haja uma diminuição em comparação a 2021.
Porto Alegre também é a primeira capital brasileira com coinfecção de tuberculose e HIV, segundo Fernanda. Em 2022, 20,9% dos casos de HIV apresentavam infecção por tuberculose, sendo uma das principais causas de mortalidade por aids, frisa.
Não há uma única causa específica, e sim, um conjunto de fatores, incluindo culturais, especialmente pelo não uso do preservativo entre a população.
Há ainda a questão do diagnóstico tardio. Isso tem levado a pasta a investir em educação permanente nos serviços de saúde para que os profissionais reconheçam possíveis sintomas e ofereçam a testagem rápida de modo a garantir tempo oportuno para dar início ao tratamento.
A assessora técnica reconhece que há ações a serem feitas, como investir na prevenção combinada – profilaxia pré e pós exposição, já disponíveis no serviço público – e melhorar a assistência nos serviços, buscando a retenção do paciente para que dê continuidade ao tratamento.
— Porto Alegre não tem o maior problema no diagnóstico, mas no abandono do tratamento, então essa é a grande questão que enfrenta, e a gente vem trabalhando nisso — explica, Fernanda, que também frisa a importância de trabalhar na desconstrução de estigmas e preconceitos, relacionados a esse abandono.
Além disso, ressalta que a prefeitura já atua em diversas ações no combate ao HIV/aids, com atendimentos na atenção primária e por meio de serviços especializados – no SAE Santa Marta, SAE IAPI, SAE CSVC (Vila dos Comerciários) e SAE Murialdo –, oferecendo testagem, consultas, exames e medicamentos. Há ainda projetos e parcerias, como A Hora É Agora, com telentrega de remédios; com a AHF, atuando junto a pessoas em abandono do tratamento; entre outros.
Porto Alegre não tem o maior problema no diagnóstico, mas no abandono do tratamento.
FERNANDA VAZ
Assessora técnica da Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Diretoria de Vigilância em Saúde da prefeitura de Porto Alegre
Rio Grande do Sul
Em 2022, o Rio Grande do Sul apresentou um dos maiores percentuais de casos (12%) de infecção por HIV entre gestantes/parturientes/puérperas, atrás apenas de São Paulo (14,7%). Já em relação às taxas de detecção de gestantes com infecção por HIV, foi destaque por superar a taxa nacional (3,1), com 7,9. O RS também é a unidade da Federação que mais notificou crianças expostas (19,8%).
Ainda, o ranking das taxas de detecção de aids (casos por 100 mil habitantes) mostrou o Rio Grande do Sul entre os Estados com os maiores valores.