O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) apontou em entrevista ao Gaúcha Mais na tarde desta quinta-feira (5) a falta de condições básicas e mínimas para procedimentos cirúrgicos, além da escassez de materiais e insumos nos três hospitais de Canoas. O prefeito da cidade da Região Metropolitana, Jairo Jorge, admitiu, também no programa da Rádio Gaúcha, que a cidade enfrenta uma crise nas instituições.
As três casas de saúde - Hospital Universitário (HU), Hospital de Pronto Socorro (HPS) e Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) - têm quase mil leitos juntos. De acordo com a prefeitura, são 120 no HPS, mais 300 no HSNG e 540 leitos no HU.
Fernando Uberti, diretor-geral do Simers classificou a situação como uma "crise que gera desassistência":
— Temos aí nos últimos dias cancelamento de procedimentos cirúrgicos, falta de materiais, insumos, dificuldades quanto a equipamentos, natureza básica para resolução desses problemas em saúde da população. Então temos um cenário dramático, que assola os três hospitais da cidade, talvez com desdobramento mais crítico no Hospital Universitário, nesse momento, mas todos eles quase que numa igual intensidade — explana.
Uberti também mencionou que os médicos de diversas especialidades estão pedindo desligamento "não só pela condição caótica de trabalho, mas também pela imprevisibilidade básica" em relação às remunerações e vínculos de trabalho.
O Simers informou que está em reunião com o Conselho Regional de Medicina (Cremers), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Sociedade Médica de Canoas e Ministério Público para criar uma frente estadual em defesa da saúde em Canoas.
Administração busca recursos, diz prefeito
Além de reconhecer a crise em que o município se encontra no que diz respeito aos três hospitais, Jairo Jorge afirmou estar em Brasília na busca por recursos para solucionar a situação.
— É urgente (a busca por recursos), porque se não fizer isso, nós vamos ter que reduzir serviços. E aí não é bom para ninguém. Porque isso significa que alguns serviços não serão mais feitos, mas nesse quadro caótico, talvez seja melhor nós fazermos de forma programada — explica Jairo Jorge.
A situação mais delicada é no Hospital Universitário. O prefeito afirmou que o pedido para o Governo Federal é de R$ 15 milhões para um aporte inicial, mais R$ 3 milhões mensais para normalizar o caixa do HU.
— Temos uma grave crise que o Hospital Universitário está enfrentando. Temos hoje uma séria deficiência de recursos. É importante ressaltar que, de julho do ano passado até setembro deste ano, Canoas perdeu quase R$ 20 milhões em relação ao programa Assistir (do governo do Estado). Claro, o programa Assistir tem seus méritos, e eu não questiono isso, mas retirar recursos de uma cidade para dar a outra agravou a situação — afirma Jorge.
Ele também informou que as dívidas da instituição já chegam a R$ 14 milhões e que há complicações quanto ao pagamento dos salários:
— Metade dos profissionais são celetistas. Todos os médicos que são CLT estão em dia, mas nós temos dificuldade com pessoas jurídicas.