Leandro de Niro Rodriguez, 19 anos, neto do ator Robert de Niro, morreu no domingo (2) sob circunstâncias que ainda estão sendo investigadas pela polícia de Nova Iorque, nos Estados Unidos. A mãe do jovem, a atriz Drena de Niro, filha do ator Robert De Niro, porém, afirma suspeitar que o filho tenha sido vítima de overdose após consumir pílulas com fentanil.
“Alguém vendeu a ele pílulas com fentanil que sabiam que estavam misturados, mas ainda assim as vendeu para ele”, afirmou ela, pelos Instagram.
Fentanil é uma droga de alto poder sedativo, de uso restrito a hospitais, que pode ser fatal ao ser administrada indevidamente como entorpecente. A ingestão acidental da substância foi a causa da morte do cantor Prince — questão confirmada pela investigação em 2018, dois anos após o óbito.
O fentanil faz parte dos opioides, também chamados de opiáceos, que são medicamentos usados para o tratamento da dor. A substância é da mesma família da morfina e da oxicodona, por exemplo, que são popularmente mais conhecidos. O fentanil, por sua vez, tem uso restrito aos hospitais, não podendo ser adquirido em farmácias.
Como medicamento, ele é usado, por exemplo, durante a recuperação de cirurgias de grande porte ou mesmo para manter pacientes entubados.
— É usado com medicação para o controle da dor e pode ser usado na sedação, indução e manutenção da anestesia. Pode ser usado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) também para analgesia e controle da dor — explicou a anestesiologista Liege Caroline Immich, chefe do Serviço de Anestesiologia da Santa Casa de Porto Alegre, em entrevista a GZH em abril deste ano.
Nas casas de saúde, a aplicação se dá de forma intravenosa ou por meio de adesivos. O uso é calculado de acordo com o peso do paciente. O armazenamento e administração da medicação nos hospitais deve ser realizado de forma controlada.
Fentanil misturado a outras drogas
No caso de Prince, a investigação apontou que o músico acreditava estar consumindo outra substância. Ao tomar dois comprimidos falsificados de um remédio também empregado para a dor, ele acabou ingerindo uma alta dosagem de fentanil, por acidente.
Em São Paulo, neste ano, a constatação de que usuários de drogas estão expostos à presença de fentanil em outros entorpecentes — como a cocaína, por exemplo — levou o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a emitir um alerta. Nos primeiros meses de 2023, foram detectados seis casos de intoxicação por uso de drogas, atendidos em unidades de emergência da região metropolitana de Campinas, nas quais havia presença de fentanil.
Nesses casos, no entanto, os usuários relataram que não tinham utilizado fentanil e sim outras drogas, como K2, LSD e cocaína.
A droga, segundo José Luiz da Costa, farmacêutico bioquímico professor de Toxicologia na Unicamp e coordenador do CIATox, da Unicamp, é um depressor do sistema nervoso e, em razão disso, causa a sensação de bem-estar. Por outro lado, leva à diminuição da atenção e da frequência respiratória. A pupila se contrai e fica bastante fechada, pequena (chamada pupila miótica). Dependendo da dose, o usuário pode perder a consciência e sofrer uma parada respiratória.
— O fentanil tem um antídoto que é eficaz. Detectando um paciente intoxicado por fentanil, o profissional da saúde pode fazer a administração e reverter o quadro. Mas, como não é um tipo de droga comum aqui no Brasil, muitas vezes a equipe médica nem imagina que se trate do fentanil — explica o professor.