O cantor Xand Avião, 41 anos, revelou, em um vídeo publicado nas redes sociais nesta semana, que vive com o diagnóstico de psoríase há cerca de quatro anos. O artista relatou que uma crise recente da doença o fez cantar de boné em uma sequência de shows por conta de alguns sintomas visíveis causados pela condição.
Psoríase é uma doença inflamatória crônica que causa manchas avermelhadas e descamação da pele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) cerca de 5 milhões de pessoas convivem com a enfermidade no país. Caracterizada por lesões principalmente nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e na região sacra — localizada no final da coluna — a psoríase é uma doença genética e as lesões podem se manifestar ou não ao longo da vida.
Na gravação, o cantor falou que nunca tinha revelado a doença por ter vergonha.
— Teve alguns shows que eu fiz de boné, porque eu estava com vergonha já, sem querer dar entrevista, porque é feio, é muito aparente. Como eu tiro 100 fotos por noite, dou quatro entrevistas, estava me incomodando — contou ele, que começou a perceber a doença com uma descamação no dedo polegar.
— Do meu dedo, começou a passar pra minha cabeça, perto da minha orelha, e isso foi aumentando. Hoje eu estou com minha cabeça inteira com isso, meu corpo inteiro com psoríase — relatou.
Xand Avião também falou sobre a doença ser cíclica e, por isso, impulsionada por situações como o estresse.
— Descobri um pouco antes da pandemia e minha doutora disse que agrava com estresse, com ansiedade. Na pandemia a gente viveu isso em dobro, em triplo — avaliou.
A doença não é contagiosa e não traz risco nenhum para as pessoas que fazem parte do convívio com os pacientes.
— É uma doença que não dói. É feio, mas não pega. Quem está perto de mim, não tenha medo de tirar foto, que não pega, não passa — reforçou o artista.
Embora possa ocorrer em qualquer idade, em geral, a psoríase tem dois picos de incidência de acordo com a faixa etária. Aparece em pessoas com idades entre 30 e 40 anos e depois entre os 50 e 60. Pode haver casos em que a doença se manifesta em crianças, mas são menos comuns.
Entenda a doença
Não existe uma causa específica para o surgimento da doença, explicou o dermatologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Juliano Peruzzo em entrevista a GZH no ano passado:
— Não há causa ambiental ou algo que a gente se exponha que vai levar ao desenvolvimento de psoríase. Se a pessoa não tem predisposição genética, a doença não vai ser desenvolvida.
Entretanto, podem existir fatores de risco associados ao surgimento da doença em pacientes que já tenham predisposição, como o estresse emocional, o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas em excesso. Alguns medicamentos também podem aumentar as chances de a psoríase se manifestar, como lítio e betabloqueadores — usados comumente em pacientes com transtorno bipolar e problemas cardiológicos, respectivamente.
Por isso, a prevenção passa especialmente pela manutenção de hábitos de vida saudáveis.
O quadro clínico mais clássico da psoríase é o surgimento de placas avermelhadas ou róseas pela pele acompanhadas de descamação. As lesões têm tamanhos variados e margens delimitadas. Apenas 50% dos pacientes sentem coceira junto com as manchas. Fora isso, a doença é assintomática. No caso da artrite psoriásica, os sintomas são dores nas articulações, rigidez no movimento especialmente pela manhã e dor na região lombar.
O tratamento da doença vai depender da gravidade da situação. Nos casos de lesões mais localizadas, é receitado o uso de medicações tópicas, como cremes e pomadas. Já nos quadros em que esta prescrição não é eficaz ou a extensão da psoríase é maior, as opções de tratamento passam pela fototerapia, remédios orais e os medicamentos imunobiológicos que são prescritos a depender das especificidades de cada paciente.
— A psoríase não tem cura, mas a gente tem um controle muito bom com esse arsenal terapêutico. Atualmente, nós conseguimos melhorar muito o paciente fazendo com que ele fique sem lesão, ou praticamente sem, com uma dessas alternativas de tratamento — afirmou o médico.
Na maioria dos casos, o paciente precisa manter o tratamento crônico para que a psoríase se mantenha controlada. Por ser uma patologia sistêmica e não só cutânea, pessoas diagnosticadas com a doença têm um risco maior de desenvolver outras condições, como acidente vascular cerebral e infarto, obesidade e pressão alta.