Em 29 de outubro é lembrado o Dia Mundial da Psoríase, doença inflamatória crônica que causa manchas avermelhadas e descamação da pele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) cerca de 5 milhões de pessoas convivem com a enfermidade no país.
A doença é caracterizada por lesões principalmente nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e na região sacra — localizada no final da coluna. A psoríase é uma enfermidade genética e as lesões podem se manifestar ou não ao longo da vida.
Também pode afetar as articulações, atingindo dedos das mãos e dos pés, coluna, joelhos, tornozelos e quadris, causando a chamada artrite psoriásica. Neste caso, os danos na estrutura óssea podem acontecer tanto junto com as lesões de pele ou de forma individual.
Embora possa ocorrer em qualquer idade, em geral, a psoríase tem dois picos de incidência de acordo com a faixa etária. Aparece em pessoas com idades entre 30 e 40 anos e depois entre os 50 e 60. Pode haver casos em que a doença se manifesta em crianças, mas são menos comuns.
Outro grande problema enfrentado por pacientes é o constrangimento no convívio social por conta das lesões, que, por se espalhar pela pele, fica visível a todos. Porém, a doença não é contagiosa e não traz risco nenhum para as pessoas que fazem parte do convívio com os pacientes.
Por que ocorre
De acordo com o dermatologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Juliano Peruzzo, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio Grande do Sul (SBD-RS), não existe uma causa específica para o surgimento da doença.
— Não há causa ambiental ou algo que a gente se exponha que vai levar ao desenvolvimento de psoríase. Se a pessoa não tem predisposição genética, a doença não vai ser desenvolvida — complementa.
Entretanto, podem existir fatores de risco associados ao surgimento da doença em pacientes que já tenham predisposição, como o estresse emocional, o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas em excesso. Alguns medicamentos também podem aumentar as chances de a psoríase se manifestar, como lítio e betabloqueadores — usados comumente em pacientes com transtorno bipolar e problemas cardiológicos, respectivamente.
Por isso, a prevenção passa especialmente pela manutenção de hábitos de vida saudáveis.
Como se manifesta
O quadro clínico mais clássico da psoríase é o surgimento de placas avermelhadas ou róseas pela pele acompanhadas de descamação. As lesões têm tamanhos variados e margens delimitadas. Apenas 50% dos pacientes sentem coceira junto com as manchas. Fora isso, a doença é assintomática. No caso da artrite psoriásica, os sintomas são dores nas articulações, rigidez no movimento especialmente pela manhã e dor na região lombar.
Como se diagnostica e trata
O diagnóstico da psoríase é basicamente clínico. Com base no relato do paciente no consultório e de um exame físico já é possível determinar se é um quadro da doença. Apenas em casos especiais uma biopsia é necessária. A partir disso, o tratamento da doença vai depender da gravidade da situação.
Nos casos de lesões mais localizadas, é receitado o uso de medicações tópicas, como cremes e pomadas. Já nos quadros em que esta prescrição não é eficaz ou a extensão da psoríase é maior, as opções de tratamento passam pela fototerapia, remédios orais e os medicamentos imunobiológicos que são prescritos a depender das especificidades de cada paciente.
— A psoríase não tem cura, mas a gente tem um controle muito bom com esse arsenal terapêutico. Atualmente, nós conseguimos melhorar muito o paciente fazendo com que ele fique sem lesão, ou praticamente sem, com uma dessas alternativas de tratamento — explica Peruzzo.
Na maioria dos casos, o paciente precisa manter o tratamento crônico para que a psoríase se mantenha controlada. Por ser uma patologia sistêmica e não só cutânea, pessoas diagnosticadas com a doença têm um risco maior de desenvolver outras condições, como acidente vascular cerebral e infarto, obesidade e pressão alta.
— Nós precisamos sempre lembrar que, embora seja uma doença com predomínio de manifestações cutâneas e com poucos sintomas, tem outras coisas que podem vir junto com ela. Por isso a importância de a gente tratar como uma doença global — destaca o dermatologista.