A menos de um mês da chegada do inverno, emergências pediátricas de Porto Alegre já operam além do limite da capacidade. Os casos de síndrome gripais têm preocupado gestores, não só pela quantidade, mas pela gravidade com que são registrados até o momento.
No Hospital da Criança Conceição, no bairro Cristo Redentor, há aumento dos casos de influenza, a gripe, e de bronquiolite, segundo relato da gerente das unidades de internação, Lais Garcia. Para ilustrar o panorama, a médica informa que, há cerca de duas semanas, 21 crianças estavam em leitos de internação na emergência, onde a capacidade é para 14. Além disso, há uma semana, cinco pacientes estavam entubados na emergência, à espera de um leito de UTI.
O principal motivo para a tendência de gravidade nos casos, de acordo com Lais, é o fato de os pais ou responsáveis pelas crianças não terem se vacinado para a gripe e/ou para a covid-19.
— Isso facilita a transmissão do vírus e, também, faz com que a carga viral, quando transmitida, seja mais alta — explica a médica.
O Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, da prefeitura, no bairro Independência, já realizou 1.566 atendimentos relacionados a síndromes respiratórias em maio, até esta quarta-feira (24).
O número é considerado alto pelo diretor da instituição, o médico Cincinato Fernandes Neto. De acordo com ele, os atendimentos desses casos começaram mais cedo do que o previsto neste ano. Em abril, foram 2.200 atendimentos de quadros gripais. Entre as principais queixas dos pacientes, estão febre, dor de cabeça, vômitos e falta de ar.
— Essa antecipação nos picos de casos gripais é algo que se observou no hemisfério norte e, como é tradicional, essa tendência se repete aqui — analisa Neto.
Segundo ele, o Hospital Presidente Vargas está se preparando para a chamada Operação Inverno. Até lá, serão acrescidos quatro leitos de UTI pediátrica à atual estrutura e mais cinco leitos clínicos de internação.
Já na Santa Casa, no Centro Histórico, desde março, os atendimentos da emergência pediátrica são majoritariamente de síndromes gripais. Esses sintomas ocupam entre 85% e 90% do total de 3,5 mil atendimentos mensais, em média, da instituição, segundo a assessoria.
O Hospital Moinhos de Vento informou que a emergência funciona em "capacidade máxima" nesta sexta-feira (26). A instituição identifica que gripes, resfriados e infecções pulmonares, dentre outras doenças, têm maior incidência nessa época do ano.
Entretanto, na comparação com o o mesmo período de 2022, o Moinhos de Vento tem 31% de aumento na ocupação dos leitos de terapia intensiva e 20% no volume de atendimentos às síndromes respiratórias.
Dicas de cuidados
- Pais ou responsáveis com crianças abaixo de dois anos devem utilizar máscara, principalmente em ambientes fechados. Crianças com histórico de problemas respiratórios precisam de atenção redobrada
- Pais e filhos têm de manter calendário vacinal em dia, tanto para gripe quanto para covid-19
- Crianças devem realizar lavagem nasal (com soro morno e seringa). Orientações para o procedimento podem ser buscadas nas unidades de saúde
- Manter uma boa higienização das mãos
Fonte: Lais Garcia, médica e gerente das unidades de internação do Hospital da Criança Conceição