O secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, afirmou nesta quarta-feira (26) que a pasta não possui orçamento para a contratação de novos leitos no hospital que deve ser reaberto no antigo prédio do Parque Belém. A estrutura foi adquirida em leilão pela Associação Hospitalar Vila Nova.
À reportagem de GZH, Sparta disse que ainda irá avaliar as possibilidades de investir no empreendimento, que deverá ser chamado Sinos de Belém. A entidade planeja inaugurar 150 leitos em um período de 30 dias, incluindo espaços destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, é necessário que haja a contratação por parte do poder público.
No caso da prefeitura, a prioridade nesse momento é a compra de 100 leitos que serão utilizados para a Operação Inverno, medida que serve para reforçar a estrutura hospitalar da cidade durante os meses mais frios. A expectativa é que a operação inicie ainda em maio. Mas o município ainda avalia a data e quais as instituições que serão beneficiadas.
— Nós nem temos recurso para fazer novos contratos. Isso tem que ser visto com as necessidades que a prefeitura tem. O Estado, pode ser que faça também contrato com ele (o Sinos de Belém). Então a partir dessa possibilidade de novos leitos, nós vamos ver o que interessa à prefeitura — afirma o secretário.
GZH buscou a Secretaria Estadual da Saúde (SES) para saber sobre a possibilidade de pactuação. A pasta afirmou que ainda está avaliando e tomando conhecimento da aquisição.
Apesar da dificuldade alegada pelo poder público, a direção da Associação está confiante para adquirir leitos SUS. Em entrevista ao Gaúcha+, o diretor da entidade Dirceu Dal'Molin afirmou que já está em tratativas com o prefeito Sebastião Melo, e que tentará entrar em contato com governos e bancadas estaduais e federais. O objetivo é, segundo Dal'Molin, buscar, o quanto antes, ampliar a oferta no sistema de saúde da Capital, e aliviar a sobrecarga nas emergências.
— Durante o verão todo ficamos com o hospital Vila Nova (também administrado pela entidade) lotado, algo que nunca acontecia. Isso porque as emergências estão lotadas e acabam indo pro hospital. Além disso, fecharam os leitos de vários hospitais de Porto Alegre. A gente vai precisar desses leitos e a gente vai buscar esses recursos. Vamos atrás, e tenho certeza que vamos conseguir — promete Dal´Molin.
Blocos cirúrgicos
A expectativa é que o hospital Sinos de Belém tenha estrutura suficiente para realização de cem cirurgias semanais. Segundo o diretor Dal´Mollin, o atual hospital já oferece cinco salas para esse tipo de procedimento. O objetivo é focar no que hoje é mais demandado pela cidade.
— Podemos ter capacidade para realizar cirurgia geral e traumantologia, que é uma demanda da cidade. O setor de urologia tá um caos, pois tem pouca gente fazendo. Cirurgia vascular também. São várias coisas que podemos colocar ali — afirma.
Equipamentos retirados em 2017 devem retornar
Alguns equipamentos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) que haviam sido retirados na gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior, após o fechamento do Parque Belém, deverão retornar ao local com a reativação. Parte da estrutura foi remanejada, durante a pandemia, para reforçar o atendimento do Hospital Conceição. O que restou está hoje em um depósito da prefeitura.
O secretário Mauro Sparta garante que a intenção é que os equipamentos sejam devolvidos, mas para isso deve haver uma avaliação das suas condições.
— Nós vamos entregar porque o nosso interesse é que esse esse material funcione dentro das melhores possibilidades. Mas precisa ser todo revisado novamente, aferido e calibrado, para poder enfim prestar o serviço que ele prestava — conclui.
Confira a entrevista de Dirceu Dal'Molin na íntegra: