O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira (24), a ampliação da vacinação com a dose de reforço bivalente contra a covid-19 para toda a população acima de 18 anos. Porém, ainda não há previsão de início da aplicação do imunizante no grupo no Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Uma reunião está marcada para terça-feira (25) com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-RS) para definir a logística da nova etapa.
Até então, o uso do imunizante estava restrito a gestantes, puérperas, idosos, profissionais de saúde, pessoas com deficiência, imunocomprometidos ou que tenham alguma comorbidade com mais de 12 anos. Esses grupos podem buscar a vacina bivalente na terça-feira — veja aqui onde se vacinar contra a covid-19 em Porto Alegre.
Na nova etapa, a orientação é que busque o imunizante pessoas com 18 anos ou mais que receberam ao menos duas doses de imunizantes monovalentes (CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer) como esquema primário ou como dose de reforço.
Porém, é preciso respeitar intervalo de quatro meses da última dose. Quem não completou o ciclo vacinal e está com alguma dose de reforço em atraso também poderá receber a vacina bivalente.
O ministério estima que cerca de 97 milhões de pessoas serão beneficiadas com a ampliação. Como o Sistema Único de Saúde (SUS) é de gestão compartilhada, os municípios têm autonomia para decidir como farão a vacinação. Podem, por isso, escalonar por faixas etárias dentro da recomendação do ministério por questões de estoque e organização. Dados oficiais indicam que mais de 10 milhões de brasileiros haviam recebido a vacina bivalente até a última quinta-feira (20); 8,1 milhões foram destinadas a idosos com 60 anos ou mais.
O que é a vacina bivalente?
A vacina bivalente é capaz de imunizar contra mais de uma versão do vírus de uma só vez. Para isso, é usada a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, está sendo usado o código da cepa original do coronavírus e o da variante Ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo.
A infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Caroline Deutschendorf, destaca que a fórmula é a mesma da Pfizer anteriormente aplicada, a monovalente, mas com compostos adicionais que permitem aumentar a proteção.
Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA são uma inovação na forma de fabricar imunizantes. O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organela que, entre outras funções, sintetiza proteínas dentro das células). A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, a proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis.
Assim, os anticorpos e linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Portanto, é possível imunizar uma pessoa sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético.