Correção: o esquema vacinal recomendado contra a covid-19 para crianças entre três e 11 anos contempla duas doses do esquema primário e mais uma de reforço, e não apenas as duas doses como informado entre 19h21min de quarta-feira (1º) e 10h desta quinta-feira (2). O texto já foi corrigido.
Após o lançamento, na última segunda-feira (27), do Movimento Nacional pela Vacinação, cujo foco inicial é a aplicação da quinta dose em idosos a partir de 70 anos contra a covid-19 com o imunizante bivalente da Pfizer, surgiram questionamentos a respeito de quando essa injeção adicional alcançará outras faixas etárias. Não se sabe, porém, quando será disponibilizada uma quinta dose da vacina contra a covid-19 para a população em geral no Brasil, seja bivalente, seja monovalente.
Questionado por GZH, até o fechamento desta reportagem, o Ministério da Saúde não tinha informado se há expectativa de oferecer imunizante bivalente para a população em geral ainda neste ano, ou mesmo uma quinta dose de vacinas monovalentes.
Hoje, o esquema vacinal previsto pelo Ministério da Saúde para pessoas a partir dos três anos contempla as duas doses iniciais e mais uma de reforço. Quem tem 40 anos ou mais, tem dois reforços previstos, além das duas doses do esquema primário — algumas cidades, porém, como Porto Alegre, oferecem a chamada quarta dose para quem tem a partir de 18 anos.
Chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri frisa que esse grupo inicialmente indicado para receber a bivalente pode ou não ter feito quatro doses anteriores - se tiverem feito, aí sim, a bivalente é tida como quinta dose.
A respeito de uma quinta dose para a população em geral, seja bivalente, seja monovalente, Tani diz que não pode fazer projeções, mas que o Ministério da Saúde segue orientando que as pessoas busquem as vacinas monovalentes para completarem o esquema vacinal.
— O Ministério da Saúde lançou um informe técnico que lança a bivalente para grupos prioritários e recomenda a monovalente para os demais grupos, adultos de 18 até 59 anos, dentro das recomendações já feitas. Para os demais grupos não elencados com a vacina bivalente, seguem os esquemas anteriores, com a vacina monovalente. Mas não existe quinta dose, o máximo que temos é a segunda dose de reforço para a população em geral. Só há uma situação em que a pessoa toma cinco doses: o indivíduo imunocomprometido — diz.
Médica infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi diz que ainda não há dados que mostrem que é necessária uma vacinação anual contra a covid-19 - caso fosse, a bivalente seria a mais indicada.
— Ainda não sabemos se uma dose anual será necessária. Se for necessária, as evidências sugerem que seja usado um imunizante atualizado para as variantes em circulação. No momento, o mais indicado seria a bivalente, que contém a variante Ômicron. Ela protege contra o vírus ancestral e a variante Ômicron e suas subvariantes. Então tem uma segurança aumentada em relação à vacina original — diz.
Para o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, a estratégia do Ministério da Saúde de recomendar a bivalente somente para alguns grupos, funcionando como quinta dose em algumas pessoas, é para proteger pessoas mais vulneráveis à covid-10 do que o restante da população.
— Seria interessante termos uma quinta dose, mas o Ministério da Saúde avalia o impacto da covid-19 na população e em faixas específicas. Provavelmente, a pasta entendeu que o impacto da covid-19 é baixo nessa população abaixo dos 60 anos, por causa da vacinação prévia, das infecções prévias, que conferem algum grau de proteção — diz.
O que não significa que pessoas fora dos grupos prioritários da vacina bivalente não devam se vacinar, no caso de estarem com o esquema desatualizado, observa o infectologista.
— Diminuiu muito o número de internações e mortes nessa população abaixo dos 60 anos, mas ainda há casos. A vacina protege individualmente e coletivamente, e a população abaixo dos 60 deve ser vacinar. Ainda que apenas um indivíduos em cem mil venha a falecer, é uma vida muito importante. A covid-19 não é página virada e as vacinas monovalentes continuam funcionando, embora a bivalente proteja ainda mais — diz Gewehr Filho.