A vacina contra a dengue Qdenga, da biofarmacêutica japonesa Takeda Pharma, poderá estar disponível em clínicas privadas do Brasil no segundo semestre deste ano, se os trâmites burocráticos transcorrerem conforme os prazos habituais.
Na quinta-feira (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do produto no país. A Qdenga passou por estudos que envolveram 28 mil voluntários, com seguimento de dados clínicos ao longo de quatro anos e meio, e é indicada para indivíduos de quatro a 60 anos que já tenham tido a doença ou não, dispensando também a realização de teste pré-vacinação. O imunizante Dengvaxia, aprovado em 2015, destina-se apenas a pacientes que já tiveram dengue.
No momento, o laboratório está na fase de negociação de preços com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial responsável pela regulação econômica do mercado brasileiro. Essa etapa deve durar em torno de três meses.
O imunizante também será apresentado ao governo federal, para eventual incorporação ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e ao Sistema Único de Saúde (SUS). A Qdenga já está liberada para comercialização na rede privada e, se for o caso, poderá ser vendida para secretarias de Saúde que desejarem comprá-la. De acordo com Vivian Lee, diretora executiva de Medical Affairs da Takeda no Brasil, a meta do laboratório é chegar aos postos da rede pública.
— Nosso grande objetivo, depois do lançamento para o mercado privado e algumas secretarias, é contribuir para a saúde da população em geral. Esperamos que seja um pilar adicional importante de combate à dengue — afirma Vivian.
Não há estimativa de quanto custará cada dose. A Qdenga já foi aprovada na União Europeia, no Reino Unido e na Indonésia, mas ainda não é aplicada em nenhuma localidade. Preços de outros países devem ser considerados pela CMED durante o processo de avaliação.
A dengue é transmitida por picada de mosquito, principalmente o da espécie Aedes aegypti. O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea, com intervalo de três meses. O imunizante previne contra a doença sintomática provocada pelos quatro sorotipos do vírus, complicações e, consequentemente, internações.
— Estamos muito orgulhosos. A vacina vai mudar a história da dengue no Brasil e melhorar o sistema de saúde. Diminuindo hospitalizações, diminui-se o ônus para o sistema e os profissionais de saúde. E um sistema sobrecarregado com dengue deixa de atender outras coisas — diz Vivian.