
Embora o Ministério da Saúde esteja atrasando o envio aos Estados de inseticidas para combater o Aedes aegypti, o Rio Grande do Sul tem, até o momento, estoque suficiente do produto utilizado na nebulização espacial, popularmente conhecida como fumacê. Trata-se de uma estratégia para controlar os mosquitos da dengue.
O atraso do repasse dos inseticidas pelo governo federal é resultado de escassez do insumo, algo que ocorre desde o ano passado, informou a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde ao jornal Estado de S. Paulo, acrescentando que a nova gestão assumiu "sem nenhum estoque".
Em nota encaminhada a GZH nesta quinta-feira (16), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que ainda tem no estoque 1.270 litros de Cielo, um tipo de inseticida. De dezembro de 2022 até o momento foram consumidos 250 litros em ações, segundo a pasta.
A nota destaca, no entanto, que a SES está mais criteriosa na liberação do inseticida aos municípios gaúchos, a fim de evitar desabastecimento. Acrescenta que está solicitando aos gestores municipais que valorizem os mutirões de limpeza e as ações de controle mecânico, "mais efetivas no controle do Aedes".
"Controle mecânico é eliminar, manualmente, os possíveis criadouros do mosquito, retirando reservatórios com água parada. O bloqueio químico, por sua vez, é uma atividade que tem por objetivo interromper a circulação viral, eliminando naquele momento da borrifação todos os mosquitos que entram em contato com o inseticida", explicou a SES no comunicado.
A Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel afirmou ao jornal Estado de S. Paulo que foram feitos novos contratos para compras dos inseticidas, mas, como se trata de produtos internacionais, que chegam de navio, a entrega é demorada. Também informou que há quatro Estados em que a situação preocupa mais: Espírito Santo, Minas, Tocantins e Santa Catarina, onde há condições climáticas mais favoráveis à reprodução do mosquito.
Em nota técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses, do dia 3 de março, o Ministério da Saúde informou que não há desabastecimento dos larvicidas, produtos aplicados diretamente nos focos de água parada e capazes de eliminar as larvas, impedindo que o mosquito se desenvolva. O Ministério da Saúde informou aos municípios e Estados que o processo de aquisição de um dos fumacês, o Cielo-UVL (Praletina+Imidacloprida), estava na fase final de contratação, com expectativa de recebimento do insumo nos próximos 45 dias.
"Ressalta-se que os estoques de larvicidas para tratamento de criadouros que não são passíveis de remoção, não sofreu desabastecimento, e que esta estratégia é mais efetiva e duradoura para redução da proliferação do Aedes, em comparação ao uso de inseticidas em UBV. Estes são indicados apenas em situações emergenciais para bloqueio de casos, quando todas as outras alternativas de controle tiverem sido insuficientes para conter a transmissão das arboviroses urbanas. Ademais, destaca-se que ao se normalizar o abastecimento dos inseticidas para aplicação espacial a UBV, as Secretarias de Estado da Saúde, assim como o CONASS e o Conasems serão comunicados", diz o comunicado.
Até o fim de fevereiro, o Brasil teve alta de 46% nos casos de dengue e de 142% nas infecções por chikungunya, ambas doenças causadas pelo Aedes, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Queixa
O atraso nos cronogramas, enfrentado desde 2022, é reflexo de dificuldade global de aquisição do produto. A nota do Ministério da Saúde explica ainda que, diante dos percalços, optou-se por incluir um novo adulticida para uso em UBV (equipamento que nebuliza o inseticida), o Fludora Co-Max (Flupiradifurone + Transflutrina), para evitar a dependência de um fornecedor único.
Conforme a nota, "se aprovada a excepcionalidade pela Anvisa, por se tratar de aquisição internacional, o produto não estará disponível para distribuição nos próximos 60 dias". Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), houve problemas nos processos de compras no ano passado. "A atual gestão teve de reiniciar as compras, o que está levando ao atraso para o recebimento do Cielo."
"Outro adulticida estava em processo de compra, mas estava aguardando uma liberação da Anvisa, que só saiu recentemente, para que pudesse concluir a compra e iniciar o processo de importação", acrescentou o órgão de secretários. Ainda segundo o conselho, os Estados precisarão ser capacitados para usar o novo produto, o Fludora.