A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, em nota técnica publicada nesta terça-feira (28), que representantes das empresas de pomadas modeladoras, envolvidas em diversos casos de irritação ocular, alegaram que os efeitos graves verificados estão ligados a supostas práticas dos usuários de "não lavar os cabelos trançados por diversos dias". A venda dos produtos está vetada desde 10 de fevereiro.
A reunião realizada no dia 17 de fevereiro contou com centenas de participantes, e a Anvisa não especifica no texto quais das empresas ou dos representantes fez a manifestação. A agência defende que "tais declarações levantaram questionamentos sobre eventual aspecto discriminatório e racista contido em tais falas."
A nota reafirma que não há dados indicando problemas decorrentes de algum tipo específico de prática de consumidores, e que se verificaram eventos adversos em após o uso de pomadas capilares para trançar, modelar ou fixar os cabelos. A investigação segue em andamento, incluindo aspectos como a formulação dos produtos, o modo de uso e eventuais impurezas.
"A Anvisa refuta e abomina qualquer forma de discriminação, em especial o racismo. Como instituição pública, a agência está comprometida com a proteção e a promoção da saúde da população, considerando o acolhimento das diversidades de povos, etnias e culturas que compõem o Brasil", diz a nota.
Na reunião, representantes das empresas sugeriram a vedação específica dos produtos para trançar cabelos, com liberação para os demais usos. A Anvisa destaca que a suspensão das vendas segue em avaliação.
Impactos
Entre os eventos relatados pelos usuários das pomadas estão cegueira temporária (perda temporária da visão), forte ardência nos olhos, lacrimejamento intenso, coceira, vermelhidão, inchaço ocular e dor de cabeça. Segundo as informações disponíveis, os eventos ocorreram, principalmente, com pessoas que tomaram banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após terem feito uso dos produtos.