Um dia após o Ministério da Saúde anunciar o repasse de R$ 32.252.269,58 ao Rio Grande do Sul dentro do Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas, a secretária estadual da Saúde afirmou que a verba vai ajudar na redução do tempo de espera dos pacientes, mas não resolve o problema. Arita Bergmann explica que o valor se soma ao programa Cirurgia Mais, lançado pelo governo gaúcho no ano passado, atingindo R$ 82 milhões.
— O recurso de R$ 32 milhões é importante para organizar a redução das filas de cirurgias eletivas no Estado do Rio Grande do Sul, porque, somado a este valor, o Tesouro do Estado também está colocando R$ 50 milhões para execução em 2023. No entanto, não é suficiente, uma vez que a demanda de cirurgias no Estado é muito alta. Temos áreas, como oftalmologia, cirurgia geral, ortopedia, com volume expressivo de pessoas esperando por consultas, filas essas que aumentaram consideravelmente durante o período da pandemia — afirma Arita.
O Estado tem 30 dias para entregar o Plano Estadual para Redução das Filas de Cirurgia Eletiva, Exames Diagnóstico e Consultas Especializadas ao Ministério da Saúde e assim poder receber os recursos. A primeira parcela será de R$ 10 milhões, assim que o relatório for aprovado pela União. O documento será elaborado em conjunto com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems/RS) e pactuado na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
Nesta terça-feira (7), a secretária Arita Bergmann, diretores da pasta e pelo menos trinta secretários municipais da Saúde que fazem parte do Cosems/RS fizeram a primeira reunião, em Porto Alegre. O objetivo é atualizar os dados de toda a demanda para, então, eleger as prioridades de consultas, exames e cirurgias.
— O plano será feito com os gestores municipais. Temos que ter o diagnóstico completo da situação, levando em conta todas as filas de cirurgia e a capacidade de atendimento dentro dos hospitais. Não basta ter recursos financeiros, que são fundamentais, mas também é preciso ter equipes disponíveis, com tempo, estrutura de equipamento, de blocos de cirurgia, salas de recuperação, enfim, toda a estrutura — acrescenta a secretária.
Diego Espíndola, diretor-executivo do Cosems/RS, relata que uma das pautas da reunião desta terça-feira foi a divisão de recursos por região.
— Queremos ter uma proposta para apresentar para todo o Estado ainda nesta semana. Também estamos analisando como fazer para que mais entidades e hospitais se habilitem para prestar os serviços — destacou.
As maiores filas de espera
As especialidades com mais pessoas aguardando no Estado são oftalmologia, ortopedia e cirurgia geral. A estimativa é de que a fila de espera, só para consultas, tenha mais de 300 mil pacientes considerando todas as especialidades.
Só para oftalmologia, em janeiro de 2023, eram 85.479 pessoas aguardando consulta, das quais 13.550 foram atendidas. Para este ano, apenas pelo programa Cirurgia Mais, do governo do Estado, estão previstas 41 mil cirurgias e 102 mil consultas.