A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu manter o nível máximo de alerta para a pandemia de covid-19, exatamente três anos depois de declarar a doença como uma emergência de saúde pública internacional. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, seguiu as recomendações do comitê de emergência da covid-19, formado por especialistas que se reuniram na sexta-feira (27), afirma um comunicado.
O comitê declarou a epidemia de covid-19 como uma emergência de saúde pública de importância internacional em 30 de janeiro de 2020, em um momento em que havia apenas 100 casos fora da China e nenhuma morte registrada.
O médico Tedros indicou que julgava prematura a suspensão do nível de alerta máximo. Na sexta-feira (27), a OMS registrou no total mais de 752 milhões de infectados e quase 7 milhões de mortes, segundo dados oficiais, que a própria organização admite estarem muito aquém da realidade.
— Ao entrarmos no quarto ano da pandemia, não há dúvida de que estamos em uma situação muito melhor agora do que há um ano, quando a onda Ômicron estava no auge — disse Tedros na abertura da reunião de seu Comitê Executivo, reunido em Genebra.
Mas reiterou imediatamente:
—Desde o início de dezembro, as mortes semanais relatadas aumentaram. Nas últimas oito semanas, mais de 170 mil pessoas morreram de covid-19.
Vírus não pode ser subestimado
— Minha mensagem é clara: Não subestimem esse vírus, ele nos surpreendeu e continuará nos surpreendendo e matando, a menos que façamos mais para fornecer assistência médica a quem precisa e combater a desinformação em escala global — disse na semana passada.
Na semana de 16 a 22 de janeiro, metade das 40 mil mortes contabilizadas oficialmente ocorreram na China, que recentemente abandonou sua política de "covid zero", uma das mais rígidas do mundo, diante do descontentamento popular. O Comitê avalia que "a pandemia de covid-19 provavelmente está em fase de transição".
O diretor da OMS lamentou que pouquíssimas pessoas estejam vacinadas contra o vírus, seja por falta de vacinas ou por desconfiança, apesar de vários estudos comprovarem seus efeitos positivos.
— Não podemos controlar o vírus da covid-19, mas podemos fazer mais para lidar com as vulnerabilidades das populações e dos sistemas de saúde — disse Tedros nesta segunda-feira.
O mundo continua "perigosamente despreparado" para a próxima pandemia, alertou a Cruz Vermelha em um relatório sobre as lições da covid-19, publicado nesta segunda-feira.
— A próxima pandemia pode ser iminente e, se a experiência da covid-19 não acelerar os preparativos, o que vai acelerar? — questionou Jagan Chapagain, secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).
— A preparação global para a pandemia de covid-19 foi inadequada e ainda estamos sofrendo as consequências. Não haverá desculpa — se não nos prepararmos, acrescentou.
* AFP