O nome da técnica — ablação percutânea por radiofrequência — é difícil, mas o benefício para o paciente é positivo na mesma proporção. O procedimento promete desmanchar um tumor maligno em uma cirurgia minimamente invasiva. E é realizado, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Porto Alegre.
No Rio Grande do Sul, a técnica é disponibilizada para pacientes oncológicos no Hospital Conceição, e a oferta deve ser ampliada a partir de fevereiro de 2023. Na semana passada, terça-feira (27), três pacientes com câncer passaram pelo procedimento, dois com alta no mesmo dia. O terceiro saiu do hospital na quinta-feira seguinte (29).
Antes, o procedimento havia sido testado com sucesso em duas ocasiões, ainda em 2021, no Hospital Conceição. Poderão usufruir do serviço a partir de 2023 os pacientes do SUS encaminhados pelas redes municipal e estadual, reguladoras do atendimento oncológico.
Atualmente o procedimento é oferecido na rede privada e em alguns poucos locais na rede pública do país.
Como funciona
Dentro da tomografia computadorizada, uma agulha de radiofrequência com cerca de 1 mm de diâmetro é colocada no paciente e chega até a lesão do órgão, de maneira precisa, conforme explicou Eduardo Medronha, coordenador da equipe de radiologia intervencionista do Conceição.
Após a introdução por punção e chegada até a lesão, a agulha é ligada a um gerador que esquenta sua extremidade, destruindo o tumor existente por calor.
O procedimento é uma boa opção para lesões malignas de até 3cm, principalmente no rim e no fígado. A ablação percutânea por radiofrequência pode beneficiar pacientes que tenham alguns tipos específicos de tumores pulmonares, de glândula suprarrenal ou benignos da tireoide. No futuro, deve se expandir para outros órgãos.
Outra vantagem desse procedimento é o tempo dentro do hospital. Em geral, segundo o coordenador da equipe de radiologia intervencionista, o paciente pode ser liberado no mesmo dia da cirurgia, proporcionando um retorno mais rápido à rotina normal.
— O resultado do tratamento de pequenas lesões, do ponto de vista oncológico, é o mesmo da cirurgia tradicional ou robótica, curando cerca de 100% dos pacientes, mas a grande diferença está na preservação do órgão, algo muito importante quando o paciente já não tem um dos rins. Esse é o caso de dois de nossos pacientes que passaram pelo procedimento nesta semana. Um de 83 anos, que teve alta no mesmo dia, e outro com 29 anos — explica Eduardo Medronha.