A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou nesta quarta-feira (14) esperar que a covid-19 deixe de ser emergência de saúde pública em 2023. A projeção também vale para a mpox (varíola dos macacos), uma vez que ambas as doenças deixaram para trás suas fases mais perigosas. No momento em que se aproxima o terceiro aniversário do surgimento do novo coronavírus, a OMS assinalou que a covid veio para ficar, mas que deve ser gerenciada em conjunto com outras doenças respiratórias.
O diretor da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou que o número de mortes semanais por covid-19 era cerca de um quinto da cifra de um ano antes.
— Na semana passada, menos de 10 mil pessoas morreram. Ainda são 10 mil mortes a mais, e os países ainda podem fazer muito para salvar vidas. Mas percorremos um longo caminho. Temos esperança de que, em algum momento no próximo ano, possamos dizer que a covid-19 não é mais uma emergência de saúde global — declarou, em coletiva de imprensa.
Ghebreyesus acrescentou que o comitê de emergência da OMS, que o assessora em suas declarações de emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, sigla em inglês), começará a discutir em janeiro como será o fim da fase de emergência.
Maria van Kerkhove, que lidera a parte técnica da gestão da Covid na OMS, explicou que o comitê irá analisar a epidemiologia, as variantes e o impacto do vírus. Embora ainda se esperem ondas de contágios, a pandemia "não é o que era no começo", e as infecções já não geram tantas internações ou mortes, apontou Maria.
— Essas mortes acontecem, em sua maioria, entre pessoas que não foram vacinadas ou não receberam o esquema de imunização completo — assinalou.
Embora 13 bilhões de vacinas tenham sido aplicadas no mundo, cerca de 30% da população ainda não recebeu nenhuma dose, ressaltou Maria.
Investigar a origem
Quase 650 milhões de casos confirmados e mais de 6,6 milhões de mortes foram reportados à OMS, embora a agência da ONU reconheça que o número real é muito mais elevado. Para Ghebreyesus, agora que o mundo vislumbra o fim da emergência sanitária, é necessário entender como a pandemia começou.
— Continuamos pedindo à China que compartilhe os dados e realize os estudos que solicitamos para entender melhor as origens desse vírus. Todas as hipóteses permanecem sobre a mesa — acrescentou o diretor, entre elas a teoria de que o vírus vazou de um laboratório de virologia localizado em Wuhan.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, argumentou que a organização não poderia simplesmente deixar de trabalhar com Pequim porque "não cooperam" com a investigação, uma vez que uma parcela importante da população mundial vive na China.
Esperança de novas vacinas
Ghebreyesus explicou que "esse vírus não irá desaparecer. Veio para ficar, e todos os países terão que aprender a lidar com ele, assim como com outras doenças respiratórias".
A diretora de Vacinas da OMS, Kate O'Brien, pontuou que os fármacos disponíveis não previnem a infecção no nível esperado.
— O benefício dessas vacinas é majoritariamente sobre a proteção diante da doença — ressaltou Kate, que pediu mais pesquisas.
— Gostaríamos muito de ter vacinas que fossem mais eficazes contra a infecção e transmissão e que oferecessem uma proteção mais duradoura — expressou a diretora.
Sobre a varíola do macaco, Ghebreyesus disse que o surto os pegou de surpresa, mas que acredita em dar por encerrada a emergência em 2023. Embora tenham sido reportados mais de 82 mil casos em 110 países, apenas 65 foram fatais.
— Felizmente, o número de casos semanais caiu mais de 90% — citou o diretor da OMS:
— Se esta tendência continuar, temos esperança de que, no próximo ano, também possamos declarar o fim dessa emergência.
* AFP