O Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, participa de uma pesquisa sobre variantes do coronavírus. Os primeiros resultados foram divulgados na quarta-feira (16) e mostram que, de 10 profissionais de saúde infectados pelo vírus, em quatro deles foi identificada a subvariante BQ.1, da Ômicron, que também foi encontrada no exame de um paciente. Foram 12 amostras analisadas até agora. O estudo é feito em parceria com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), do governo dos Estados Unidos, para vigilância genômica do sars-cov-2 em profissionais de saúde e pessoas hospitalizadas.
A pesquisa, que começou em 7 de novembro, também identificou a presença da variante CK.1, que até então não tinha sido encontrada no Brasil.
— A presença da BQ.1 em cerca de 40% das amostras era esperada, pois sabemos que quando uma nova variante é identificada, ela já está disseminada há mais tempo na população — afirma Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento.
Zavascki, que também coordena o estudo, destaca ainda que esse achado acontece junto com o aumento do número de casos, principalmente nas duas últimas semanas.
O impacto da CK.1, que também é uma variante da Ômicron, ainda é difícil de mensurar, segundo o biólogo molecular Tiago Finger Andreis, integrante do estudo e responsável pelo sequenciamento das amostras no Laboratório de Genética e Biologia Molecular do Hospital Moinhos de Vento.
— Há poucos relatos desta variante no mundo. Então somente com o andamento do estudo poderemos ver se ela assumirá algum papel de relevância na transmissão do vírus — ressalta.
A pesquisa faz parte do projeto Global Action in Healthcare Network (GAIHN), uma rede mundial criada pelo CDC, com o objetivo de aprimorar a vigilância e o diagnóstico de infecções em vários países. Futuramente, mais hospitais devem participar do estudo como forma de contribuir para o monitoramento da evolução da pandemia.
Também participam da equipe de pesquisa no Brasil o professor Vlademir Cantarelli, da Health Security Partners (HSP), organização responsável pela implementação da rede GAIHN no Brasil; a biomédica Flávia Brust, do Hospital de São Paulo (HSP); e o infectologista Marcelo Bitelo, do Hospital Unimed Vale do Sinos.