O Rio Grande do Sul voltou ao patamar anterior à pandemia no número de mamografias realizadas por mulheres. De janeiro a julho de 2022, a média mensal foi de 19.082, uma elevação de 8,2% se comparada a 2019, que registrava 17.631. Em 2020, a quantidade caiu 31,1% em relação ao ano anterior, ficando em uma média de 12.145 exames por mês, e chegando a 16 mil em 2021.
Os dados fazem parte do estudo "Câncer de mama: mamografias durante a pandemia de covid-19 no Rio Grande do Sul (2020-2022)", realizado pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). A pesquisa ainda mostrou que, no Rio Grande do Sul, entre 2019 e 2022, a maioria das mamografias foi realizada por mulheres na faixa etária de 50 a 59 anos (36,8%), seguida pelo grupo de 40 a 49 anos (26,2%) e de 60 a 69 anos (26,1%).
— A mamografia iniciada anualmente a partir dos 40 anos até os 70 reduz a mortalidade por câncer de mama em até 17% dos casos, conforme recente publicação de uma importante revista inglesa — salienta o coordenador do Serviço de Mastologia e Pesquisa Clínica do Hospital Conceição, Dr. José Luiz Pedrini.
O especialista explica que mulheres com menos de 40 anos ou acima de 70 também podem ter a recomendação para fazer o acompanhamento, em razão de fatores apontados pelo médico, como histórico familiar. Para ele, é importante que as mulheres façam esse tipo de exame para detectar lesões menores que ainda não são perceptíveis pelo médico ou pela própria paciente ao se autoexaminar.
No Rio Grande do Sul, o estudo do DEE aponta que, em comparação com 2019, houve uma queda acumulada de 40% no número de mamografias realizadas entre 2020 e 2021, com aproximadamente 85,4 mil mulheres com exames postergados. Isso pode ocasionar um atraso no diagnóstico, o que pode significar um tratamento mais invasivo e redução na chance de cura.
— Até 2018 e 2019, estava melhorando muito. A Secretaria Estadual da Saúde ainda está comprometida, só que, com a pandemia, ficaram em casa tanto as pessoas do rastreio, quanto as que sentiam alguma coisa. Então tem um caos instalado que nós temos que nos ajudar para resolver — analisa a presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama) e chefe do serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Maira Caleffi.
De acordo com o estudo, as maiores quedas na realização de mamografias no Rio Grande do Sul ocorreram entre abril e setembro de 2020, sendo mais intensos em abril (-71,6%). As reduções voltaram a superar 30% no Estado entre abril e maio de 2021, que foi um período com grande elevação de óbitos por covid-19.
A pesquisa indica como fatores o medo, a preocupação de que houvesse uma demanda maior do que a oferta de leitos disponíveis para pacientes com covid-19 e a recomendação para que a população inicialmente postergasse exames de rastreamento para depois da pandemia. Com a vacinação, em 2021, houve um crescimento no número de mamografias a partir de novembro.
No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais corriqueiro em mulheres em todas as regiões. O Rio Grande do Sul tem a segunda maior taxa de óbitos pela doença entre as mulheres com mais de 20 anos no país, atrás apenas do Rio de Janeiro, conforme dados divulgados pelo governo estadual.