A região das Américas está ameaçada por quatro emergências de saúde: cólera, poliomielite, covid-19 e varíola dos macacos. Embora as duas últimas apresentem tendências de queda, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou nesta quarta-feira (12) para a necessidade de cuidados.
— Há quatro emergências de saúde que ameaçam nossa região — disse a diretora da OPAS, Carissa Etienne, em uma coletiva de imprensa virtual.
Carissa especificou que "a propagação da varíola dos macacos parece estar diminuindo", embora mais de 2.300 novas infecções tenham sido relatadas na semana passada nas Américas. Com mais de 45.000 casos, o continente representa 63% da presença da doença em todo o mundo.
Nesta quarta-feira o Brasil confirmou a sexta morte pela doença, terceira na mesma semana. Em todos os seis casos, as vítimas são homens com registro de comorbidades. Três aconteceram no Rio de Janeiro, duas em Minas Gerais e uma em São Paulo.
Segundo a OPAS, 95% dos casos de varíola dos macacos registrados nas Américas aconteceram entre homens e 56% em pessoas com HIV, sendo registrados principalmente nos Estados Unidos, mas também no Brasil, Colômbia e México.
Em 4 de outubro, o Brasil foi o primeiro país a receber um envio inicial de 9.800 doses de vacina contra a doença, seguido pelo Chile. Outras nações interessadas incluem Bahamas, Belize, Equador, El Salvador, Guiana, Honduras, Jamaica, Panamá, Peru e Trindade e Tobago.
Covid em fase de controle
Em relação à pandemia de covid-19, as tendências de queda em todo o mundo e nas Américas "são um sinal encorajador de que podemos estar passando da fase aguda da pandemia para uma fase de controle sustentado", declarou a diretora da OPAS.
Ainda assim, "a pandemia segue conosco", insistiu Carissa. Prova disso é que, na semana passada, foram registrados mais de 178 mil novos casos na região, onde mais de 70% das pessoas foram totalmente vacinadas contra a covid-19.
A OPAS enfatizou a importância de melhorar as taxas de vacinação, especialmente entre os mais vulneráveis, e fortalecer a vigilância epidemiológica. Usou como exemplo o caso de outra emergência de saúde, a poliomielite, que causa paralisia e para a qual não há cura ou tratamento.
— Nossa região está sob pressão — repetiu Carissa salientando a necessidade de investir e nos sistemas de saúde.
Preocupação com o Haiti
Um país de grande preocupação para a OPAS é o Haiti. Mais de três anos após uma epidemia que matou mais de 10.000 pessoas, o Haiti confirmou, até 9 de outubro, 32 casos e 18 mortes por cólera. Mais de 260 casos suspeitos aguardam confirmação na área ao redor da capital, Porto Príncipe, e quase um quarto deles foram encontrados em crianças entre um e quatro anos, segundo a OPAS.
Carissa Etienne acredita que os números provavelmente são menores do que os reais, já que os casos estão concentrados em áreas afetadas pela escalada da violência e atividade de gangues.
— A cólera chegou em meio a uma grave agitação social e política que impede os esforços para conter a doença — alertou.
— O ressurgimento da cólera no Haiti é um lembrete da rapidez com que as doenças podem se espalhar", completou, lembrando que há poucos meses o país caribenho estava prestes a ser declarado livre dessa doença.