As variações bruscas na temperatura trazem vários impactos para a saúde, do ressecamento da pele, manifestações alérgicas até infecções respiratórias.
— O inverno é um período seco na maior parte do Brasil, o que leva à possibilidade de inúmeros processos inflamatórios das vias respiratórias superiores e inferiores, como a rinite e a bronquite. Essas inflamações podem levar a infecções bacterianas, como sinusite, amigdalite e pneumonia — explica Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O frio também favorece a queda da imunidade, o que aumenta a incidência de doenças como gripes e resfriados. A diminuição das defesas do organismo ocorre porque, com o corpo se esforçando para regular e manter a temperatura adequada em meio às mudanças climáticas, ele diminui o suprimento de energia destinado ao sistema imune e à produção das células de defesa.
Embora seja comum ouvir, por exemplo, que tomar vitamina C ou comer determinados alimentos afasta as chances de pegar gripe, não existe uma solução instantânea para se proteger e evitar as doenças que se aproveitam da baixa das defesas do corpo.
— A imunidade é fruto de um conjunto de ações de estilo de vida adequado. É lógico que em situações em que você está com hipovitaminose (falta de uma ou mais vitaminas no corpo), precisa repor. É importante checar se os níveis de vitaminas estão adequados, mas a reposição sem que haja diagnóstico não está indicada — alerta Naime Barbosa, também professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Mas é possível se prevenir dos impactos das variações bruscas de temperatura sobre a imunidade. Manter o corpo hidratado, alimentação balanceada com a ingestão adequada de proteínas e cuidar da qualidade do sono são algumas das medidas indicadas pelo especialista. Além disso, é importante evitar o estresse, que pode ser físico, causado, por exemplo, por exercícios em excesso, ou psíquico.
— Atividade física regular na intensidade que o seu corpo permite é fundamental — pontua Naime Barbosa.
Cuidados com a pele
A ingestão de água é fundamental para a hidratação de todas as partes do corpo e, na pele, ela pode contar com a ajuda extra de loções e óleos hidratantes. Cláudia Merlo, médica especializada em Cosmetologia, explica que as variações climáticas muitas vezes confundem sobre os cuidados necessários com o maior órgão do corpo humano.
Mais do que o frio, ela considera que a queda de umidade é o que mais impacta na saúde da pele, que, quando fica mais seca, tende a coçar mais e agravar alergias e doenças inflamatórias, como a rosácea. Para todos os casos, a recomendação da especialista é investir na hidratação. Ela ressalta que a dica vale também para quem tem pele oleosa e tem receio de que os hidratantes possam piorar a condição.
Com a pele mais ressecada, aumentam as chances de aparecerem feridas, que podem levar a lesões e o desenvolvimento de quadros mais graves. O cuidado, segundo Cláudia, deve ser intensificado com pés e pernas e em idosos.
Dicas para cuidar da saúde
- Em caso de ar mais seco, usar umidificadores, evitar fazer atividades físicas ao ar livre no período das 10h às 16h e realizar lavagem nasal com soro fisiológico, o que ajuda a remover micropartículas sólidas, vírus e bactérias
- Para a pele, hidratar todas as áreas do corpo com uma loção hidratante ou óleo, dando mais atenção aos membros inferiores e lábios
- Tomar a vacina da gripe
- Deixar o ar circulando quando estiver em ambiente fechado, para evitar infecções respiratórias
- Evitar choque térmico: agasalhar-se ao sair de um ambiente aquecido e evitar ambientes muito resfriados em um dia quente
- Ao tirar as roupas de inverno do armário, certificar-se que foram lavadas desde o último uso, para evitar alergias causadas por ácaros
- Em caso de frente fria, manter-se bem agasalhado com várias camadas de roupa, que podem ser removidas ao longo do dia
- Monitorar a ingestão diária de água
- Para melhorar a imunidade, criar o hábito de se alimentar de forma saudável, dormir bem, praticar atividade física regularmente e buscar formas de manejar o estresse do cotidiano
- Para pacientes hipertensos e com problemas cardiovasculares, cuidar para tomar os remédios regularmente
- Para pacientes imunodeprimidos, usar máscaras para evitar doenças causadas por vírus respiratórios