A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) manifestou preocupação com o avanço do uso de cigarro eletrônico entre adolescentes e jovens. O assunto foi tema de reunião extraordinária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quarta-feira (6), quando foi decidido manter a proibição de venda e importação de todos os tipos de dispositivo eletrônico para fumar (DEF).
Desautorizado desde 2009, o assunto entrou novamente na pauta em 2019, quando novos estudos começaram a ser apresentados. Na reunião, foi decidido ainda pela revisão da norma, a partir de um levantamento que vai analisar cada tipo de cigarro eletrônico e novas evidências científicas quanto aos impactos na saúde. Sobre isso, a entidade afirmou que vê "a necessidade de um olhar atento das autoridades públicas sobre o tema", citando a presença de nicotina e os aromas dos vapes, como são popularmente chamados os dispositivos.
— Existe uma gama imensa de aromas, mas que servem só como um atrativo para os jovens e adolescentes. A nicotina está ali e pode, neste formato, causar um mal até superior ao cigarro tradicional. Isso tem sido usado, virou moda e, infelizmente, já se percebe a estratégia maliciosa de quem vende colocando outros ingredientes — destaca José Paulo Ferreira, médico pediatra da Sociedade.
A entidade ainda recomenda que os pais esclareçam junto aos filhos e os orientem sobre o cigarro eletrônico. De acordo com a Sociedade de Pediatria, lesões pulmonares já são percebidas pela área médica devido ao uso dos dispositivos.
— Se é uma droga que é de venda proibida, é por alguma razão. Ao fazer uma compra, o adolescente está entrando no mesmo mercado de venda de drogas ilícitas — salienta o médico.
A Sociedade de Pediatria do RS destaca análises feitas pelos Departamentos Científicos de Pneumologia, Toxicologia e Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, as quais demonstraram que os vapores produzidos pelos líquidos dos cigarros eletrônicos, especialmente com o acréscimo de aromatizantes, produzem o mesmo efeito prejudicial à estrutura pulmonar e vasculatura que o fumo do tabaco.
Nos estudos, nitrosaminas e os carbonilos, substâncias cancerígenas conhecidas do tabaco, foram encontrados dentro do vapor da maior parte dos vapes. Segundo a entidade, as detecções estão muito abaixo das encontradas nos cigarros convencionais, mas no caso dos carbonilos já foram detectados níveis comparáveis aos do tabaco tradicional.