A Santa Casa de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, suspendeu as cirurgias de todas as especialidades nesta sexta-feira (22) após um pedido coletivo de demissão de médicos por atraso no pagamento de salários. Parte dos procedimentos deixaram de ser feitos desde a quinta-feira (21), mas, agora, conforme a direção, estão suspensas todas as cirurgias gerais e de traumatologia, além de cesarianas — já que não há médicos anestesistas e traumatologistas.
O pronto atendimento e a UTI seguem funcionando, assim como a área psiquiátrica e os leitos de internação adultos e pediátricos. Conforme o gestor operacional da instituição, Abilio Machado, pacientes que precisarem de procedimentos cirúrgicos serão encaminhados a outras instituições, com base em orientação estadual.
— Para o caso de cesarianas, podemos levar as pacientes a outro hospital da cidade, particular. E, obviamente, o governo municipal e a Santa Casa farão o acerto financeiro. Temos quatro ambulâncias em frente à Santa Casa, à disposição — explica Machado.
Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), 33 médicos pediram demissão, mas 11 decidiram retornar após negociação com a prefeitura. A categoria afirma que os salários de maio e de junho deste ano estão atrasados. Além disso, não foram pagos os de dezembro de 2020 e há um passivo trabalhista dos anos de 2016 a 2019.
A prefeitura de Santana do Livramento atua como interventora do hospital, que é 95% Sistema Único de Saúde (SUS) — o único que atende pelo sistema público na cidade. Conforme a prefeita do município, Ana Tarouco, os salários de maio e de junho foram pagos aos profissionais que decidiram continuar na instituição. No entanto, o Executivo municipal afirma não ter como garantir os pagamentos de anos anteriores, pois houve irregularidades em outras gestões e não há documentação comprovando os atrasos.
Os dois lados se dizem dispostos a negociar, mas, deste quinta-feira, as tratativas não avançaram.
— Os médicos estão prontos para trabalhar, desde que sejam respeitados no seu direito. Os profissionais já estavam trabalhando sem receber seus salários, não dá para cobrar mais dos médicos — defende o presidente do Simers, Marcos Rovinski.
Emergência na saúde
Na última quarta-feira (20), a prefeitura decretou estado de emergência de saúde pública em virtude do "colapso no sistema hospitalar". O documento considera que os profissionais que decidiram realizar paralisação são os únicos existentes na cidade com especialização nas áreas de anestesia geral, cirurgia geral, traumatologia e pediatria.
De acordo com o documento, ficam dispensados de licitação os contratos de aquisição de bens necessários e contratação de profissionais e serviços. O decreto tem validade de 180 dias, podendo ser prorrogado.