A busca por atendimento nas emergências do Sistema Único de Saúde (SUS), em Porto Alegre, permanece sobrecarregando a capacidade dos 10 locais que oferecem o serviço de urgência. Na manhã desta terça-feira (7), cinco das seis emergências em hospitais que atendem SUS operavam acima da capacidade, e as quatros Unidades de Pronto-Atendimentos (UPAs) também estavam com ocupação acima de 100%.
Conforme o painel da prefeitura, consultado por GZH às 13h25min, o Pronto Atendimento da Bom Jesus (PABJ) registrava 328,57% de ocupação, com 23 pacientes internados para sete leitos. Na frente do local, um funcionário público, de 54 anos, que pediu para não se identificar, relatou que estava esperando ali há quase quatro horas.
— Cheguei umas 8h10min e agora (11h57min) ainda estou aguardando. Tem uma outra mocinha ali dentro que chegou duas horas antes de mim e ainda não foi atendida. Um outro rapaz foi embora e vai voltar depois.
As outras três unidades também estavam com alta demanda durante a manhã, com as seguintes ocupações:
- UPA Moacyr Scliar - 252,94%
- Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul - 250%
- Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro - 166%
Pacientes passam a noite na sala de espera
A falta de vagas segue nos hospitais. O Instituto de Cardiologia está com 252,38% da capacidade atingida, sendo 53 pacientes internados para 21 leitos.
Na Santa Casa, a ocupação está em 204,17% (49 em atendimento para 24 vagas). A reportagem de GZH esteve na recepção da emergência do SUS e conversou com pacientes que afirmam ter passado a noite sentados na sala de espera após realizarem os primeiros atendimentos.
Uma idosa de 61 anos veio de Dom Feliciano (cidade do Sul do Estado que fica a cerca de 170 quilômetros de Porto Alegre), para conseguir atendimento na emergência com uma neurologista da instituição. A irmã dela, de 67 anos, que pediu para não se identificar, conta que as duas estavam sentadas desde o final da noite de segunda-feira (6) na sala de espera.
— Estamos desde 18h de ontem aqui. Está tudo lotado, não tem leito. Estamos aguardando o resultado da ressonância.
Perto das duas familiares, estava outra paciente que chegou na tarde de segunda-feira. Silvia Letícia Pedroso Rainel, 46 anos, explicou que estava em uma consulta dermatológica e foi encaminhada pela médica para o serviço de urgência.
—Falaram para ficar esperando, eu fiz exame ontem e ainda não veio o resultado. Já estou internada, só não tem leito — comenta a paciente, que trouxe um cobertor de casa para deixar na pernas enquanto espera.
Confira a situação dos outros hospitais da Capital:
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre - 198,21%
- Hospital Nossa Senhora da Conceição - 140,63%
- Hospital da Restinga - 133,33%
- Hospital Vila Nova - 92,31%
Na segunda-feira, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) enviou nota para GZH a respeito da situação das emergências.
“Nas últimas semanas, com a queda das temperaturas, observamos um aumento na procura por atendimento nos serviços de saúde, principalmente de pessoas com sintomas respiratórios. A SMS está em um esforço permanente junto aos hospitais da Capital para abrir mais vagas e suprir o aumento da demanda. No entanto, a orientação é que, em casos leves, a população busque atendimento nas 132 unidades de saúde da Capital, contribuindo para evitar a sobrecarga hospitalar”.