Uma nova técnica para desobstrução de artérias coronárias que começou a ser usada no mundo há pouco tempo. Chama-se litotripsia intravascular e é considerada o que há de mais moderno na cardiologia. Na semana passada, três pacientes foram submetidos ao procedimento no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o primeiro do Rio Grande do Sul a aderir ao método.
A desobstrução de artérias coronárias é um procedimento usado no tratamento de condições como angina estável, angina instável e infarto do miocárdio.
No caso da litotripsia intravascular, o procedimento consiste em introduzir, na artéria coronária, um cateter balão, chamado Shockwave, que fica ligado a um gerador, o mesmo usado no tratamento para dissolver cálculo renal. Esse gerador dispara ondas de pressão sonora capazes de fraturar o cálcio que provoca a obstrução.
Segundo o médico Marco Wainstein, que liderou os procedimentos no Moinhos de Vento, é justamente a calcificação a maior inimiga de intervenções cardíacas não cirúrgicas. Com o cálcio quebrado, a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos do coração volta a ocorrer normalmente.
— Essas ondas são muito eficazes para fraturar e amolecer esse cálcio. O que era extremamente duro amolece e, de forma tranquila, a artéria se abre e colocamos o stent. É um método que permite que obstruções que não vinham sendo tratadas possam ser tratadas— ressalta o médico, que coordena a Unidade de Angiografia Cardiovascular do Moinhos de Vento.
Outra intervenção não cirúrgica que costuma ser aplicada para tratar obstruções coronárias é a aterectomia, mas que, por se utilizar de uma broca, traz alguns riscos, como perfuração da artéria e liberação de detritos do cálcio na corrente sanguínea. Segundo Wainstein, ainda é a única alternativa para alguns casos, mas a litotripsia intravascular se monstra mais segura.
— Estudos mostram que a taxa de complicações e óbitos decorrentes da litotripsia é inferior a 1%. É um método extremamente seguro — diz.
Os procedimentos realizados de forma inédita no Moinhos de Vento no dia 21 de junho tiveram sucesso, garante Wainsten. Nos três casos, os pacientes eram idosos e não apresentaram qualquer complicação. São justamente os mais velhos os mais beneficiados pela nova técnica.
— Quanto mais idosa a pessoa, mais chance de calcificação na obstrução coronária. A expectativa é de que poderemos tratar cada vez mais pessoas sem risco de grandes complicações — estima o médico.