O Estado de Santa Catarina já monitora dois casos suspeitos de hepatite infantil de causa desconhecida. Além do primeiro registro, notificado na última sexta-feira ao Ministério da Saúde (6), de uma menina de sete anos na cidade de Itajaí, um segundo caso foi notificado na segunda-feira (9). Trata-se de um adolescente de 16 anos que passou por avaliação em um hospital na cidade de Balneário Camboriú.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde catarinense, ele começou a apresentar sintomas em 29 de abril e foi até o hospital em 5 de maio. Ele apresentou os seguintes sintomas: náuseas, vômito, sonolência, urina de cor escura e febre, além de alterações nas enzimas hepáticas evidenciadas nos exames laboratoriais. Os exames para hepatite B e C deram negativos, mas os órgãos de saúde aguardam o resultado do exame para hepatite A. O Ministério da Saúde já foi notificado, segundo a secretaria de Saúde.
O jovem não necessitou de internação e, assim como a menina de sete anos, está em casa e com acompanhamento dos órgãos de vigilância.
No Rio Grande do Sul, não há nenhum caso notificado como suspeito, segundo informou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) na manhã desta quarta-feira (11). Até a segunda-feira, o Ministério da Saúde monitorava 16 casos suspeitos em seis Estados: Paraná (2), Rio de Janeiro (5), São Paulo (6), Espírito Santo (1), Santa Catarina (1) e Pernambuco (1). A reportagem contatou a pasta, na manhã desta quarta-feira (11), para ver se o número foi atualizado, mas ainda não obteve uma resposta.
No mundo
Na terça-feira (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que 348 casos prováveis eram investigados em 20 países, além de 70 casos adicionais de outros 13 países que estão pendentes de classificação, à espera da conclusão dos testes.
A OMS foi informada pela primeira vez em 5 de abril, com 10 casos na Escócia detectados em crianças menores de 10 anos. A entidade qualifica o surto de inflamação hepática grave como hepatite aguda de origem desconhecida entre crianças pequenas.
O que se sabe até agora sobre a doença
- A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado causada por uma variedade de vírus infecciosos (hepatite viral) e agentes não infecciosos. A infecção pode levar a uma série de problemas de saúde, que podem ser fatais. Existem cinco cepas do vírus da hepatite: A, B, C, D e E;
- Embora todas causem doença hepática, elas têm modos de transmissão, gravidade, distribuição geográfica e métodos preventivos diversos entre si;
- Os sintomas mais comuns da doença são: urina escura; fezes brancas ou acinzentadas; comichão na pele; olhos e pele amarelados (icterícia); dores musculares e nas articulações; cansaço; perda de apetite; dores de barriga. Normalmente, esses são sintomas de outras hepatites;
- Por mais que profissionais de saúde e agências do Reino Unido estudem os casos desde janeiro, ainda não encontraram a etiologia dos quadros. De acordo com a OMS, nos casos do Reino Unido, testes laboratoriais descartaram os vírus da hepatite A, B, C, D e E. Entre os casos do Reino Unido, muitos apresentavam infecção por adenovírus (família de vírus comuns que, em geral, causam doenças leves) ou pelo vírus causador da covid-19, disse a OMS. Recentemente, houve aumento na atividade dos adenovírus na região, que cocirculam com o Sars-Cov-2;
- Por mais que sejam investigados como causas potenciais, o papel desses vírus na patogênese (mecanismo pelo qual a doença se desenvolve) ainda não está claro. Nenhum outro fator de risco epidemiológico foi identificado, incluindo viagens internacionais recentes;
- A síndrome atinge pacientes de até 16 anos de idade. A maioria dos casos está na faixa de dois a cinco anos.
- Mesmo sem causa identificada, algumas orientações que podem servir de prevenção são dadas aos pais e responsáveis como boa lavagem das mãos e higiene respiratória, que ajudam a reduzir a propagação de muitas das infecções. Em caso dos sintomas, é preciso procurar atendimento médico.