A Secretaria do Estado do Rio de Janeiro investiga uma morte de um bebê de oito meses com suspeita de hepatite infantil de causa desconhecida. A doença foi reportada originalmente no Reino Unido, em abril, e já foi identificada em mais de 20 países. A pasta informou nesta sexta-feira (6) que a vítima era de Maricá, região metropolitana do Rio. Mais cinco casos suspeitos são investigados no Estado. Mais cedo, o Ministério da Saúde informou também monitorar três pacientes no Paraná.
Dos outros casos acompanhados pela vigilância sanitária fluminense, estão três moradores da Capital (as idades são oito anos, quatro anos e um bebê de dois meses), um de Niterói (três anos) e outro de Araruama (dois anos). Esse novo tipo de hepatite pode desencadear uma série de problemas, incluindo a necessidade de transplante de fígado, e que pode ser fatal.
A Secretaria de Saúde (SES) emitiu um alerta aos 92 municípios do Estado sobre o registro de casos. A medida visa orientar as secretarias municipais sobre a notificação correta para que possam ser monitorados.
— Estamos acompanhando a evolução da doença no mundo e monitorando junto às vigilâncias municipais os registros de casos suspeitos no Estado. O alerta é justamente para que esses pacientes possam ser acompanhados e monitorados de forma correta — afirmou o secretário de Saúde, Alexandre Chieppe.
O Ministério da Saúde informou, mais cedo, que os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde monitoram junto a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar qualquer alteração do perfil epidemiológico, bem como a detecção de casos suspeitos. Na quinta-feira (5) o governo da Argentina notificou a confirmação do primeiro caso da doença na América Latina, em um menino de oito anos. Em seguida, o Panamá também confirmou um caso no país.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 200 casos já foram identificados em cerca de 20 países, a maioria no Reino Unido. Já houve pelo menos quatro mortes confirmadas - uma relatada pelas autoridades britânicas e três pela Indonésia. Os Estados Unidos também investigam óbitos.
O que se sabe sobre a doença?
Segundo a OMS, a hepatite é uma inflamação que atinge o fígado causada por uma variedade de vírus infecciosos (hepatite viral) e agentes não infecciosos. A infecção pode levar a uma série de problemas de saúde, que podem ser fatais. Os vírus comuns que causam hepatite viral aguda (vírus da hepatite A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos.
Embora a síndrome atinja pacientes de até 16 anos de idade, a maioria dos casos está na faixa de dois a cinco anos. O quadro das crianças europeias é de infecção aguda. Muitos apresentam icterícia, que, por vezes, é precedida por sintomas gastrointestinais - incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos -, principalmente em pequenos de até dez anos. A maioria dos casos não apresentou febre.
Em caso de suspeita, recomenda-se fazer testes de sangue (com experiência inicial de que o sangue total é mais sensível que o soro), soro, urina, fezes e amostras respiratórias, bem como amostras de biópsia hepática (quando disponíveis), com caracterização adicional do vírus, incluindo sequenciamento.
Vale reforçar que medidas simples de prevenção para adenovírus e outras infecções comuns envolvem lavagem regular das mãos e higiene respiratória.
Especialistas acreditam que o agente causador da doença seja um adenovírus que é transmitido por contato ou pelo ar. Embora seja atualmente uma hipótese como causa subjacente, ele não explica totalmente a gravidade do quadro clínico. A infecção com adenovírus tipo 41, o tipo de adenovírus implicado, não foi previamente associada a tal apresentação clínica.
Os adenovírus são patógenos - organismos que são capazes de causar doença em um hospedeiro - comuns que geralmente causam infecções autolimitadas. Eles se espalham de pessoa para pessoa e mais comumente causam doenças respiratórias, mas dependendo do tipo, também podem causar outras doenças, como gastroenterite (inflamação do estômago ou intestinos), conjuntivite (olho rosa) e cistite (infecção da bexiga).
Segundo a OMS, há mais de 50 tipos de adenovírus imunologicamente distintos que podem causar infecções em humanos. O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. O potencial surgimento de um novo adenovírus ainda está sendo investigado. Outra hipótese é de que haja alguma relação com o novo coronavírus. A possibilidade de ser um efeito adverso da vacina contra a covid-19, no entanto, foi descartada, uma vez que grande parte dos pacientes britânicos não haviam tomado o imunizante.
Quais são os sintomas da hepatite
Os sintomas da hepatite são amplos e se sobrepõem a muitas doenças comuns. Uma criança com hepatite pode apresentar febre (baixa ou mais significativa), fadiga, dores articulares ou musculares, perda de apetite ou náuseas, diarreia e vômitos.
As crianças também podem ter dor ou sensibilidade abdominal, particularmente no abdome superior direito, que é onde está o fígado. É importante procurar atendimento médico urgente sempre que uma criança mostrar sinais de dor intensa quando seu abdômen for tocado.
Os médicos podem considerar outras possíveis causas de dor abdominal, como apendicite. Algumas crianças podem ter urina mais escura ou fezes pálidas ou cor de barro. A icterícia ou amarelecimento da pele e dos olhos é um sinal característico de hepatite - embora seja possível ter inflamação significativa do fígado e não mostrar sinais de icterícia.