Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, comprovou que o aumento da massa corporal, sobretudo, na região da barriga, tem relação com maior risco de diagnósticos de câncer de próstata. A pesquisa foi apresentada durante o Congresso Europeu de Obesidade e foi publicada no periódico BMC Medicine.
Para a realização da pesquisa, foram estudados mais de 141 mil homens, com idade média de 52 anos, de oito países europeus — Alemanha, Dinamarca, Espanha, Grécia, Holanda, Itália, Reino Unido e Suécia. Os autores buscaram investigar as associações entre as várias medidas corporais dos voluntários, principalmente o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência da cintura, com a incidência de câncer de próstata. Os cientistas buscaram focar, sobretudo, em fatores como estágio e grau do tumor e na mortalidade da doença.
Depois de uma média de 14 anos de acompanhamento, os pesquisadores se concentraram na análise de casos mais graves de câncer de próstata. A partir disso, os dados foram agrupados por categorias como escolaridade, estado civil, frequência de atividade física, grau de diabetes e tabagismo.
Os autores da pesquisa observaram 7.022 casos incidentes de câncer de próstata, dos quais 934 levaram os pacientes a óbito. Entre os resultados, foram identificados que os homens que tinham maior IMC e circunferência de cintura apresentaram risco elevado de aumento de câncer de próstata de alto grau, uma das formas mais agressivas da doença. Em valores numéricos, a cada cinco pontos adicionados ao cálculo do IMC, que leva em conta a altura e o peso, o aumento do risco da doença cresceu 10%.
A partir dos resultados, foi possível também fazer estimativas. De acordo com os pesquisadores, 1,3, mil mortes por câncer de próstata poderiam ser evitadas anualmente no Reino Unido se as pessoas mantivessem níveis adequados de IMC. Apesar da comprovação entre a relação entre a letalidade da doença e o aumento de peso, os cientistas ainda não sabem explicar os motivos.
— Não sabemos exatamente a razão. Talvez ocorra por meio de algum mecanismo do corpo que torne a doença mais letal. Ou então, pode ser algo ligado à demora do diagnóstico de homens com obesidade — explicou Aurora Perez-Cornago, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Unidade de Epidemiologia do Câncer, em entrevista ao jornal O Globo.