Um projeto que busca incentivar jovens a se engajar no combate e prevenção a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no Rio Grande do Sul deve entrar em vigor no próximo mês, dois anos após sua elaboração. A campanha Geração Consciente foi lançada pelo governo gaúcho em parecia com a Unesco ainda em 2020, mas em razão da pandemia, precisou ser adiada.
A iniciativa pretende reunir escolas da rede pública de 21 municípios gaúchos para a realização de atividades cuja temática é a prevenção de doenças como o HIV/aids e sífilis. A estimativa é que cerca de 35 mil adolescentes do 8º ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio sejam incluídos. Serão oferecidos oficinas e jogos que simulam campanhas de conscientização e que irão gerar pontuações às instituições.
As escolas competem por meio desses pontos, além de apresentação de trabalhos. O melhor será selecionado por uma comissão avaliadora. Em um primeiro momento, serão selecionadas 50 escolas, que se dividirão em 10 grupos. As três melhores serão premiadas com recursos que servirão, por exemplo, para aprimorar a infraestrutura das instituições. As verbas serão disponibilizadas pela Unesco. As dinâmicas serão divididas em sete eixos temáticos, incluindo gênero e sexualidade, saúde sexual e reprodutiva e uso abusivo de álcool e outras drogas. O objetivo é estimular os estudantes a ficarem mais informados nessas questões.
– Embora o Rio Grande do Sul não seja mais o estado brasileiro com as maiores taxas de infecção por HIV/aids e sífilis, as médias ainda são superiores em relação à média nacional. Acreditamos que é preciso frear esse avanço desde o princípio, e por isso estamos focando em estudantes que estão iniciando a adolescência – afirma a médica Maria Letícia Ikeda, do serviço de atenção especializada em HIV/aids do Hospital Sanatório Partenon.
Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, referentes a 2019, a taxa geral de detecção de HIV/aids por 100 mil habitantes é de 28,6, superior aos 23,2 da região sul e de 18 registrados no Brasil. Em relação à sífilis, os dados mais atualizados são de 2020, e apontam para uma taxa de 31,7 em gestantes, principal grupo afetado, um número superior às medias da região sul (23,3) e do país (21,6).
Critérios
Os 21 municípios selecionados para a primeira edição da campanha (veja a lista abaixo) compreendem dois critérios: maiores taxas de infecção de HIV (Uruguaiana, Santana do Livramento e Alegrete) e maior vulnerabilidade social. Nesse grupo são contempladas todas as 18 cidades integradas ao programa RS Seguro, cujo foco é monitorar os índices de segurança em locais com maior ocorrência de crimes.
– Por muito tempo, a prevenção ao HIV apenas era vista na perspectiva da sexualidade. De uns anos pra cá desenvolvemos tecnologias biomédicas que contribuem para a não transmissão. Apesar disso, segue o número expressivo de novos casos. Isso significa que os critérios socioeconômicos também são fundamentais. Lugares com maiores taxas de violência e consumo de álcool e drogas costumam ser também onde a população se afasta das medidas de proteção – justifica Ikeda.
Embora o objetivo seja diminuir as ocorrências a longo prazo, os organizadores pretendem analisar indicadores já no final do ano para observar a efetividade do projeto. Baseado nos resultados, é possível que aconteça um processo de expansão a outras cidades, além da distribuição de kits com as oficinas para todas escolas públicas gaúchas.
– Vamos fazer uma pesquisa nas escolas participantes, antes e depois do projeto, para saber se houve uma melhora no ambiente das salas de aula. Além disso, levaremos em consideração se a busca por testes de diagnóstico aumentou nas unidades de saúde, inclusive questionando os jovens o motivo pelo qual ele passou a procurar atendimento, caso esse cenário se confirme – explica a sanitarista.
As cidades escolhidas já podem realizar a inscrição e indicar as escolas participantes até o dia 17 de maio. Na sequência, as instituições escolhidas deverão se inscrever entre os dias 19 e 24 de maio. O processo deve ser feito pelo site do projeto.
A partir de junho, a campanha deve começar com o processo de formação dos professores, que serão os responsáveis por passar e orientar as atividades.
Veja os municípios que podem aderir à campanha:
- Alegrete
- Alvorada
- Cachoeirinha
- Canoas
- Capão da Canoa
- Caxias do Sul
- Esteio
- Gravataí
- Guaíba
- Novo Hamburgo
- Passo Fundo
- Pelotas
- Porto Alegre
- Rio Grande
- Santa Maria
- Santana do Livramento
- São Leopoldo
- Sapucaia do Sul
- Tramandaí
- Uruguaiana
- Viamão