Com a venda iniciada em março deste ano, os autotestes de covid-19 são uma ferramenta a mais na triagem de casos no Brasil. Os dispositivos foram criados para permitir que qualquer pessoa possa descobrir, em poucos minutos, se está ou não com a doença. No entanto, o uso do produto causa dúvidas quanto ao momento ideal para a utilização, onde encontrá-lo e até mesmo se o resultado é válido como justificativa para falar ao trabalho. Por isso, GZH organizou um guia para responder às dúvidas comuns sobre o assunto.
O que é um autoteste de covid-19?
São dispositivos que permitem que qualquer pessoa faça todas as etapas da testagem para a covid-19, como a coleta da amostra e interpretação do resultado, sem auxílio de um profissional. Para isso, no entanto, deve-se ter atenção às instruções do fabricante.
Onde posso comprar?
A última atualização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica que 30 empresas estão autorizadas a vender o produto no país. É possível comprá-lo em lojas físicas e pelos sites de diversas farmácias.
Quanto custa?
Na data de publicação desta reportagem, a unidade do produto custava entre R$ 50 e R$ 70 nos sites das farmácias.
Posso retirar um autoteste no SUS?
Não. O governo federal não incluiu o produto no Sistema Único de Saúde.
Como faço o teste?
Por ser pensado para o público leigo, as instruções de uso têm linguagem simples, figuras ilustrativas e um 'passo a passo'. O resultado fica pronto em até 15 minutos. GZH preparou um vídeo sobre o procedimento.
Qual a diferença entre um autoteste e um teste feito em uma unidade de saúde?
O autoteste funciona como uma triagem. O teste feito em uma unidade de saúde (teste rápido de antígeno ou RT-PCR) é um diagnóstico, ou seja, uma confirmação de contaminação ou não. Assim, o primeiro não substitui o segundo.
O autoteste positivo serve para justificar falta no trabalho?
Para esse tipo de caso, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul orienta que o paciente procure uma unidade de saúde para ter a confirmação laboratorial da doença, por meio de outro teste a ser feito no local. O resultado do autoteste também não serve para apresentação de teste de covid-19 negativo em viagens internacionais.
Quando o autoteste deve ser feito?
É recomendado entre o primeiro e o sétimo dia do início dos sintomas. Quem teve contato com um positivado, mas está sem sintomas, deve esperar cinco dias para fazer o autoteste. O produto não é recomendado para pessoas com sintomas graves, que devem procurar atendimento especializado o quanto antes.
Fiz o teste e deu positivo. O que faço agora?
O recomendado é que o indivíduo se isole. Caso tenha de interagir com outras pessoas, é orientado o uso de máscara cirúrgica ou PFF2/N95. Além disso, pede-se que se evite o contato com pessoas com histórico de imunidade baixa, idosos e não vacinados.
Quanto tempo devo ficar isolado se meu teste deu positivo?
Indivíduos com status vacinal em atraso ou não vacinados e com sintomas: isolamento de 10 dias e 24 horas sem febre (sem uso de antitérmico e com melhora dos sintomas respiratórios), a partir do aparecimento dos sintomas. Para os assintomáticos, é indicado isolamento por 10 dias a contar do resultado positivo.
Indivíduos com status vacinal atualizado e com sintomas: isolamento de, no mínimo, sete dias e 24 horas sem febre (sem uso de antitérmico e melhora dos demais sintomas respiratórios), a contar do início dos sintomas.
Assintomáticos: isolamento por sete dias, a contar do resultado positivo.
Os resultados dos autotestes entram nos dados oficiais da covid-19?
Não. Isso porque não há, neste momento, um meio de a pessoa informar o resultado positivo de um autoteste feito em casa às autoridades, que têm acesso, hoje, apenas ao número de produtos comercializados.
De acordo com Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), existem dificuldades para a implementação de um sistema assim. Como exemplo, ela cita que uma mesma pessoa poderia fazer inúmeros testes durante o dia e informá-los no sistema, que teria de ser capaz de interpretar o fato e não contabilizar todos. Se o sistema não fizesse isso, o número de casos seria maior.
Além disso, um indivíduo poderia informar o resultado errado por desatenção ou por outro motivo. Assim, mesmo se o paciente for a uma unidade de saúde com o resultado do autoteste, ele terá de fazer outra avaliação com os profissionais porque não há garantia de que o material levado seja da mesma pessoa, por exemplo. Por esses fatores, acrescenta Tani Ranieri, quem optar por usar o autoteste tem de entendê-lo apenas como um meio de triagem e não uma forma de diagnóstico.