Em meio ao recente aumento no número de casos de dengue, o Rio Grande do Sul teve confirmada a primeira morte pela doença em 2022. A vítima é uma mulher de 76 anos, moradora de Chapada, no norte do Estado.
O registro do óbito consta em informativo epidemiológico publicado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) nesta sexta-feira (18). Conforme a publicação, a morte ocorreu no dia 9 de março — a mulher estava internada desde o dia 7.
Os sintomas começaram no dia 3 de março, e a idosa apresentou febre, dor de cabeça, dor ao redor dos olhos, dor muscular, dor nas articulações e náuseas. Conforme o informe epidemiológico, a paciente era portadora de comorbidades — ela tinha hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutiva.
O documento publicado pelo Cevs também aponta que o Estado registra 840 casos de dengue, sendo 753 autóctones (contraídos em solo gaúcho). No entanto, levantamento feito por GZH aponta que o número é muito maior: somados os registos de apenas três municípios feitos pelas prefeituras, o total chega a 1,4 mil.
Números crescentes
Em Rodeio Bonito, também no Norte, já são 548 casos de dengue, sendo que 240 estão ativos. Isso significa que a doença já atingiu 9,3% dos moradores, já que a população estimada para a cidade em 2021 é de 5.868 habitantes.
O município realizou audiência pública na quarta-feira e, após o encontro, decidiu decretar situação de emergência devido ao aumento dos casos. Uma ação está sendo feita nas escolas e, no próximo sábado (19), voluntários participarão de um mutirão pelas ruas da cidade, visitando casas, orientando moradores e eliminando possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti.
Igrejinha, no Vale do Paranhana, já registra 526 casos. Além de orientações e eliminação de criadouros do mosquito, a prefeitura realiza em alguns sábados o "mutirão do desapega", quando os moradores são convidados a jogarem fora móveis velhos e restos de construção. Inseticida e larvicida são aplicados diariamente.
As pessoas com sintomas são orientadas a procurar a Unidade Municipal de Triagem, que oferece testes para covid-19 e para dengue. O secretário Vinicio Wallauer acredita que parte dos casos não tenha sido descoberto devido à semelhança dos sintomas:
— Devido à pandemia de covid-19, quando descobrimos os primeiros casos de dengue provavelmente já tínhamos outros. O que deve ter acontecido é que as pessoas estavam procurando os serviços de saúde com febre, dor de cabeça e dor no corpo, testavam para covid e davam negativo. Com isso, parte dos casos pode ter escapado do nosso controle.
Em Dois Irmãos, no Vale do Sinos, o número de casos positivos chega a 388. A secretária de Saúde, Júlia Lopes de Oliveira, acredita que, apesar de sustentável, o hábito de os moradores coletarem água da chuva pode ter ajudado o mosquito a se proliferar — já que, se os recipientes não são bem vedados, tornam-se criadouros.
— E temos alguns agravantes, como a estiagem. Então o hábito de coletar água, apesar de bacana, é preciso ser feito com cuidado. Que mantenham a água das cisternas cloradas, que coloquem telas milimétricas.
Todos os dias, carros de som passam na cidade com mensagens reforçando os cuidados. A prefeitura também faz mutirões nos bairros, removendo focos do mosquito, e pulveriza inseticida. Com a ação "10 minutos contra a dengue", o Executivo também incentiva a população a separar 10 minutos por semana para eliminar a água parada no quintal de casa.
Na próxima semana, os postos de saúde de Dois Irmãos terão consultas eletivas suspensas e transferidas para outra data. O objetivo é absorver a demanda de consultas de pessoas com dengue.