Com um crescimento alarmante do número de casos de dengue, a prefeitura de Rodeio Bonito, no norte do Estado, decidiu decretar situação de emergência. A decisão foi tomada na tarde de quarta-feira (16), após uma audiência pública realizada na cidade para debater medidas de enfrentamento com a população.
O decreto, assinado pelo prefeito Paulo Duarte, é válido por 90 dias, prorrogável por igual período. A medida autoriza agentes de saúde e servidores municipais a entrar em casas fechadas e abandonadas ou em residências em que os proprietários se recusarem a receber os funcionários, das 7h às 18h - eles podem estar acompanhados de autoridade policial, se necessário.
No documento, a Secretaria Municipal de Saúde também fica autorizada a requisitar pessoal e equipamentos de diversos órgãos da prefeitura ou de entidades privadas para o combate aos focos do mosquito.
Na justificativa para o decreto, o Executivo argumenta que "uma epidemia de dengue coloca em risco a capacidade assistencial das unidades de saúde, pronto-atendimentos e hospitais". No documento, a prefeitura também cita que a combinação da pandemia de covid-19 com o aumento de casos de dengue faz com que seja necessário redobrar os esforços.
Pelo menos 240 casos ativos
Conforme a prefeitura, 548 casos de dengue já foram registrados desde o dia 6 de janeiro — os números foram atualizados até o fim da tarde de quarta-feira. Desses, 240 ainda estão ativos. Os registros ocorreram em todas as regiões do município, principalmente na área urbana.
A população estimada para 2021 em Rodeio Bonito é de 5.868 habitantes. Isso significa, portanto, que 9,3% dos moradores já tiveram ou estão com dengue.
A prefeitura está realizando diversas ações, como mutirões de orientação e eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti e aplicação de inseticida - a dedetização é feita praticamente todos os dias, nas ruas onde há moradores que foram infectados. Carros de som também passaram nas ruas, reforçando a necessidade de cuidado com o pátio e com a água parada. Moradores são orientados a usar repelente todos os dias.
A secretária municipal de Saúde, Daniela Strapazzon, relata que moradores têm o hábito de coletar água da chuva, o que, neste momento, não está sendo recomendado. O problema é que, em alguns casos, os recipientes não ficam bem vedados, o que favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti:
— Acredito que possa ter relação com a estiagem também. Apesar de não termos falta d'água constante aqui, as pessoas têm o hábito (de armazenar). No caso das cisternas, há a abertura da calha e os mosquitos colocam os ovos lá. É muito técnico, e nem todas as pessoas entendem como funciona, então pedimos que, neste momento, não coletem água.
No sábado, voluntários participarão de um mutirão pelas ruas da cidade, visitando casas, orientando moradores e eliminando possíveis criadouros do mosquito. As escolas também farão uma ação junto aos estudantes.
— Vamos fazer um mutirão com a comunidade indo a campo e revisando novamente todos os terrenos para ver se ainda é encontrado algum criadouro. Reunimos entidades e, no sábado, vamos fornecer EPIs, luvas, repelente — informa Daniela.
A unidade de saúde da área central concentra os atendimentos e faz a testagem para a dengue — com isso, a demanda aumentou muito no último mês. Os infectados também estavam recebendo repelentes, que terminaram, mas já foi encaminhada nova compra.
O painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa 839 casos de dengue confirmados no Estado em 2022, sendo 752 autóctones. No entanto, o número é ainda maior, já que, no levantamento estadual, Rodeio Bonito aparece com apenas 278 registros.