Porto Alegre registrou um aumento de 276% nos casos de dengue nos últimos dez dias. Nesta terça-feira(15), a Capital chegou a 98 casos confirmados da doença, sendo 95 autóctones, ou seja, contraídos dentro da cidade. Em todo o ano passado, foram confirmados 83 casos notificações, sendo 65 autóctones e 18 importados.
A situação de alta nos casos de dengue não é exclusividade da Capital. De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve um crescimento de 43,5% nas notificações da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, em todo o país, durante as seis primeiras semanas de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Os números de alta contrastam com opinião dos brasileiros, conforme mostra uma pesquisa divulgada nesta terça pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pela biofarmacêutica Takeda. Segundo o levantamento revelou 31% dos brasileiros acreditam que a dengue deixou de existir durante a pandemia do novo coronavírus. Outros 22% disseram que o risco com a doença diminuiu.
Entre as razões apontadas para as duas situações, 28% disseram não ter ouvido falar mais na doença e 22% responderam que “toda doença agora é covid-19” e não há casos de dengue. A pesquisa Dengue: o impacto da doença no Brasil foi realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec).
Para os pesquisadores, o fato da população brasileira considerar que a doença deixou de existir durante a pandemia pode levar ao relaxamento das ações de controle e de prevenção, aumentando o risco de se contrair a doença.
– Essa realidade revelada pela pesquisa é preocupante. Com a urgência da pandemia da covid-19, muitas doenças infecciosas, como as arboviroses (dengue), foram colocadas em segundo plano e até esquecidas. Precisamos retomar a discussão e os cuidados com a dengue – alertou Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI.
Entre os brasileiros consultados, 30% afirmaram já ter tido dengue e 70% disseram conhecer alguém que já teve a doença. Entre os que já tiveram a doença, pouco mais da metade (55% do total) afirmou ter feito alguma mudança em sua casa para evitar a proliferação do mosquito, tal como aumentar a limpeza do quintal, evitar deixar água parada em vasos de plantas e aumentar o cuidado com a água parada.
Desconhecimento sobre transmissão e contágio
Apesar de a pesquisa ter apontado que o brasileiro conhece a doença, ainda há desconhecimento sobre como ela se desenvolve e suas formas de prevenção e de transmissão.
A forma de contágio, por exemplo, não é totalmente conhecida pela população: 76% acertaram, dizendo que ela decorre da picada de mosquito, mas 8% disseram não se lembrar de como ocorre a transmissão e 4% mencionaram que ela ocorre de pessoa para pessoa - o que não acontece.
Além disso, seis em cada dez entrevistados (59%) não sabiam quantas vezes uma pessoa pode contrair a doença. Apenas 2% reconheciam que se pode pegar dengue até quatro vezes, já que só existem quatro subtipos de dengue: quem já teve dengue causada por um tipo do vírus não registra um novo episódio da doença com o mesmo tipo.
Mais sobre a dengue
- A dengue é uma doença infecciosa, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e tem quatro sorotipos diferentes. Quem pega um tipo, não fica imune aos demais.
- O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio.
- O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da doença, por isso é importante evitar água parada porque os ovos do mosquito podem sobreviver por até um ano no ambiente.
Sintomas e tratamento
No geral, a primeira manifestação da dengue é a febre alta acima de 38°C, que dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele. Em alguns casos, ela pode evoluir para uma forma grave.
Não existe um tratamento específico para a doença. As medidas adotadas visam o controle dos sintomas. Pacientes com suspeita de dengue devem buscar orientação médica logo que surjam os primeiros sintomas.