Na manhã desta segunda-feira (21), trabalhadores da vigilância em saúde da prefeitura de Porto Alegre percorreram o bairro Jardim Carvalho, na Zona Leste, pulverizando áreas onde o mosquito transmissor da dengue pode se reproduzir. A região lidera a incidência da doença — em todo o município, em 10 dias, foi registrado aumento de 934% nos casos, números contabilizados até o último sábado (19).
Pela calçada ou da rua, telhados, sacadas e lajes dos imóveis receberam uma nuvem do inseticida Piretróide, com objetivo de matar o Aedes Aegypti.
Cleide Paiva Loureiro, 60 anos, abordou as equipes e pediu que aplicassem o agrotóxico também no terreno dele. Ela se queixa de sintomas semelhantes aos da dengue.
— Eu ainda estou com dor nas articulações e de cabeça. Quero que dedetizem, porque tá assim de mosquito — disse, fazendo um sinal com as mãos.
Os sintomas podem variar entre febre, dor de cabeça, dor ao redor dos olhos, dor muscular, dor nas articulações e náuseas.
Nos locais autorizados, os servidores fizeram a aplicação diretamente no pátio e nos jardins. Potes de comida de animais domésticos devem ser retirados nesse momento. Muitas larvas foram vistas em pias desativadas, pratos e vasos de flores e em pneus que acumulam água da chuva.
As gotículas pulverizadas pelos agentes têm o poder de matar os mosquitos que estejam nos locais ou sobrevoando-os naquele instante, mas a principal precaução é esvaziar os reservatórios que mantenham água parada, alerta o médico veterinário Roger Halla.
— Se não tem o vetor Aedes, não tem quem transmita a doença. E não temos como entrar em todas as casas para fazer isso. É importante o morador fazer sua parte — reitera o especialista.
Orientação da comunidade
Enquanto dois aplicadores caminhavam paramentados com a mangueira do pulverizador apontada para locais de alto risco, agentes de saúde e comunitários batiam palma em frente aos portões. O trabalho de precaução já vem ocorrendo há algum tempo, garante Cida Oliveira, uma das orientadoras.
— Eles já estão sabendo o que têm que cuidar e nos recebem muito bem. Mas tem que reforçar — afirma a agente comunitária, que chama pelo nome cada um que atende a porta.
Nos becos e vielas da Vila Cefer e demais comunidades do bairro, a dengue virou o principal assunto.
— Tô passando repelente na minha pequena — gritou um vizinho.
— Eu já vi muito sobre isso em entrevista, e como tenho que cuidar bem da casa, estou atenta — garante outra.
Moradores da Capital podem ligar para o 156 para denunciar endereços com água parada.