Se, desde janeiro, os brasileiros estão atentos a tudo que rola dentro da casa mais vigiada do Brasil, o integrante Pedro Scooby, por outro lado, muitas vezes parece estar desligado sobre o que está acontecendo por lá. O participante do Big Brother Brasil ganhou fama por "apagar" durante conversas com outros brothers — o que já rendeu muitos memes nesta edição, feitos até mesmo pela produção do programa.
Em entrevista à apresentadora Sônia Abrão, o irmão de Scooby, João Vianna, informou que a característica é de família. De acordo com João, ele e a mãe dos dois também compartilham desse comportamento. Por outro lado, alguns internautas apontaram o uso de substâncias ilícitas como motivo dos desligamentos, mas a namorada do participante, a modelo Cíntia Dicker, contestou:
— O Pedro já falou na casa, eu já falei aqui algumas vezes: o Pedro não fuma maconha. Ele é assim mesmo, do jeito que ele é. Mas ele não fuma. Podem confiar — afirmou Cíntia em seus stories do Instagram no último domingo (27).
Mas afinal, esses apagões frequentes podem estar atrelados a alguma condição de saúde? Devem se tornar motivo de preocupação? De acordo com Kelin Martin, médica neurologista do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento, a queixa de “apagões” é comum entre pacientes, mas o termo pode ter vários significados e diferentes causas.
Assim como pode ser somente distração, atrelada à personalidade ou episódios de estresse na vida de uma pessoa, os apagões também podem ser causados por doenças que exigem um tratamento médico. É o caso da epilepsia, uma das principais condições a ser investigada quando ocorrem apagões como esses, segundo a médica:
— Trata-se de uma doença neurológica caracterizada por uma predisposição à ocorrência de crises epilépticas, que são manifestações de uma atividade cerebral anormal transitória. É importante ressaltar que existem diferentes tipos de crises epilépticas. Algumas se manifestam com movimentos abruptos e involuntários de uma parte do corpo ou do corpo todo e são chamadas comumente de convulsões.
De acordo com Kelin, há outros tipos de crises epilépticas, entretanto, que podem acontecer sem causar esse tipo de movimentos anormais. Tratam-se das crises de ausência e das crises focais disperceptivas. As crises de ausência costumam iniciar ainda na infância e têm causa genética.
— Se apresentam com paradas comportamentais breves, em torno de 10 a 20 segundos, em que o indivíduo fica irresponsivo, geralmente de olhos abertos como se estivesse “olhando para o nada” e com comprometimento da memória durante esses segundos, voltando à sua atividade normal depois.
Já as crises disperceptivas são mais comuns em adultos, embora possam iniciar na infância. Nesse caso, trata-se de crises focais, que iniciam em uma região do cérebro, e afetam temporariamente alguma função cognitiva, especialmente a percepção do meio ambiente e a capacidade de interação.
TDAH
Desde o início da edição, muitos internautas também associaram o comportamento de Scooby ao transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, esse quadro é "um transtorno neurobiológico de causas genéticas, caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade."
Entre seus principais sinais, estão agitação, inquietação e dificuldade de permanecer parado, dificuldade de permanecer atento em atividades longas ou repetitivas. Nesses casos, de acordo com a neurologista, as características dos episódios costumam ser diferentes. O TDAH costuma aparecer ainda na infância, mas pode acompanhar o indivíduo por toda a vida e, na fase adulta, o transtorno se manifesta principalmente pela dificuldade em organizar e planejar atividades rotineiras.
— São mais como distrações que acontecem ao longo do dia. Pessoas com TDAH não chegam a ser uma desconexão tão clara e súbita com o ambiente. Em geral quando alguém chama a pessoa ela percebe e responde — explica Kelin.
Quando buscar ajuda médica?
Segundo Kelin, o ideal é procurar ajuda profissional se esses sinais, de alguma forma, interferirem no dia a dia da pessoa. O primeiro passo para o diagnóstico é a própria consulta médica. Para isso, o neurologista e o neuropediatra podem ajudar a investigar o quadro. Durante a consulta, relatos de uma pessoa que testemunhou alguns apagões podem ajudar.
Alguns exames médicos complementares também podem auxiliar no diagnóstico, como o eletroencefalograma, a ressonância magnética de crânio ou a tomografia de crânio e exames laboratoriais (de sangue).
— A identificação correta do problema é o primeiro passo para definir a melhor estratégia de tratamento. Vale lembrar que nem sempre o próprio indivíduo percebe que está tendo apagões. Por isso é importante o envolvimento da família ou outra pessoa que tenha convívio próximo — alerta.
*Produção: Isabel Gomes