Com a chegada do verão no Rio Grande do Sul, crescem as reclamações sobre a presença de mosquitos no decorrer do dia e à noite. E não se trata somente de uma impressão dos gaúchos. A presença e a quantidade desses insetos aumentam com a elevação das temperaturas.
Isso ocorre devido à combinação do calor com a umidade, que faz com que o ciclo evolutivo dos mosquitos se acelere, explica o gerente substituto da Unidade de Vigilância Ambiental da Diretoria de Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Marcelo Coelho. No caso do Aedes aegypti, inseto que pode transmitir os vírus da dengue, chikungunya e zika, o ciclo de vida — do ovo até a fase adulta — pode se completar em até 10 dias.
— Os ovos podem ficar em um ambiente seco por até 500 dias, eles resistem esse tempo. Daí, com a chegada do verão, a umidade e o calor trazem as condições ideais para eles eclodirem — afirma.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) controla a situação do Aedes na Capital por meio do monitoramento das fêmeas. De acordo com Coelho, até a semana passada, o município estava em nível de alerta para infestação do mosquito, mas ainda sem circulação de vírus. No entanto, nesta semana, entrou em um grau de atenção maior, justamente por causa da temperatura elevada e da umidade, que fazem o inseto se proliferar mais rápido.
— Permaneceremos em alerta pelos próximos meses, pois, historicamente, tem mais circulação do mosquito nesta época do ano. E ficamos atentos a isso porque, quanto mais a fêmea do mosquito circula, mais existe chance de o vírus circular — comenta, ressaltando que Porto Alegre ainda não tem casos de dengue autóctones, ou seja, que foram contraídos no município.
Flávia Montagner, bióloga da empresa de monitoramento de insetos Entomológica, destaca que os moradores da Capital enfrentam duas situações distintas durante esta época do ano. Uma delas ocorre principalmente durante o dia e refere-se à circulação do Aedes aegypti. E, outra, à noite, quando a população costuma ser perturbada pela presença do Culex quinquefasciatus, o mosquito “comum”.
A diferença entre os dois insetos, ela esclarece, é que o Culex se reproduz inclusive em água suja, enquanto as larvas do Aedes permanecem somente na água limpa. Flávia também relata que sua casa fica perto do Arroio Dilúvio e, por isso, a quantidade de mosquitos aumenta ainda mais durante o verão:
— Esse mosquito da noite, embora não protagonize nenhum surto, causa um incômodo tremendo porque perturba muito o sono e diminui a qualidade de vida das pessoas.
Cuidados necessários
Para prevenir a circulação dos mosquitos e evitar a eventual circulação dos vírus da dengue, chikungunya e zika, é preciso adotar alguns cuidados rotineiros, aponta Marcelo Coelho, gerente substituto da Unidade de Vigilância Ambiental. Ele orienta que cada pessoa observe sua residência, a fim de verificar se não há recipientes que possam acumular água.
As principais recomendações envolvem medidas como escovar caixas d’água, tanques, piscinas, floreiras, bebedouros e a parte interna de qualquer objeto que acumule água; tampar, virar ou deixar abrigado qualquer recipiente ou vasilha onde a água possa ficar armazenada; e descartar garrafas, bandejas, latas e qualquer outro objeto sem uso que junte água.
— Se a pessoa encontrar larvas em um recipiente, ela deve virar o pote, porque a larva não sobrevive fora da água. Tampar a caixa d’água, limpar as calhas e não jogar lixo no chão também são medidas que ajudam na não proliferação desses mosquitos — diz Coelho.
Já em relação ao Culex quinquefasciatus, Flávia indica o uso de telas nas janelas e mosqueteiros. Ela enfatiza que alguns mosquitos têm resistência a inseticidas e, quando o produto é utilizado, mata aqueles que não são resistentes e deixa os que são — o que pode acabar alterando o padrão genético da população de mosquitos.
Denúncias sobre infestações e pedidos de vistoria podem ser feitos pelo número 156.