O Ministério da Saúde publicou uma nova nota técnica nesta quarta-feira (26) para retirar o controverso trecho que dizia que a eficácia e a segurança das vacinas contra covid-19 eram menores do que as de medicamentos como a hidroxicloroquina. A tabela que comparava os dois métodos para controle da doença foi removida do documento, divulgado no fim de semana.
A primeira versão contrariava a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade científica mundial — a vacinação contra o coronavírus é reconhecida internacionalmente como a forma mais segura de prevenção a doenças. Medicamentos do chamado tratamento precoce não são reconhecidos pela OMS e não são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da covid.
No novo texto, porém, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti Neto, segue rejeitando os protocolos aprovados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), que contraindicam o uso de medicamentos como a hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid.
Angotti é conhecido por compor a ala dentro do Ministério da Saúde que defende o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para a doença. Mayra Pinheiro, que já ganhou o apelido de Capitã Cloroquina, é secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde e também faz parte desse núcleo. Os dois são remanescentes da gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello.
A mudança no texto, com a remoção da tabela que colocava a hidroxicloroquina à frente da vacinação no controle da pandemia, foi oficializada em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU). A nova nota técnica pode ser consultada no site da Conitec.
Na terça (25), o Ministério da Saúde havia divulgado que iria republicar o documento para “promover maior clareza no conteúdo e evitar interpretações equivocadas, como a de que a decisão critica o uso das vacinas covid-19”.