Com a epidemia de influenza fora de época em curso no Rio de Janeiro e o número crescente de casos também em outros Estados, como São Paulo e Bahia – onde a morte foi confirmada nesta semana –, especialistas recomendam que a população busque os postos de saúde ou as clínicas privadas para tomar a vacina contra a gripe. Ainda que a fórmula das doses utilizadas na campanha deste ano não contemple a cepa Darwin, que vem preocupando médicos e autoridades sanitárias, é bom calibrar as defesas do sistema imunológico, além de evitar outras complicações e a eventual sobrecarga de atendimentos.
O imunizante disponibilizado em 2021 no Brasil oferece proteção contra dois tipos de influenza A e um do tipo B (vacina trivalente) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e dois tipos de influenza A e dois de B (vacina quadrivalente) na rede particular. O resultado da campanha ficou abaixo do esperado no Rio Grande do Sul, que vacinou 79% do público prioritário (idosos, crianças, gestantes, professores, profissionais de saúde, pessoas com comorbidades, indígenas, entre outros), enquanto a meta era alcançar 90%.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), dezenas de milhares de doses foram devolvidas pelas prefeituras, que podem voltar a requisitá-las conforme a demanda. Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que todos os 133 postos dispõem de vacinas contra a gripe, que estão liberadas para aplicação geral, a partir dos seis meses de idade. No Interior, os interessados devem buscar orientação junto às secretarias de Saúde locais.
Por conta da detecção dos primeiros casos de influenza A do subtipo H3N2 no Rio Grande do Sul, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) emitiu um alerta na quinta-feira (16). As medidas de prevenção, reforça o Cevs, são as mesmas recomendadas contra a infecção pelo coronavírus (sars-cov-2): uso de máscara, distanciamento entre pessoas, ventilação de ambientes e vacinação.
O vírus H3N2 está presente na vacina atual, mas com diferenças em relação à variante Darwin – para melhor entendimento, é como se fossem da mesma família, aparentados, mas não idênticos. Ou ainda, como explica Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, não muda o H3N2 presente no imunizante, mas o nome e o sobrenome desse vírus.
Esta variante específica deverá integrar a fórmula do imunizante que será fabricado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e entregue ao Ministério da Saúde, para a mobilização nacional que deverá iniciar por volta de abril de 2022. Há um monitoramento mundial dos micro-organismos mais prevalentes e a constante atualização das vacinas da gripe para os meses mais frios de cada hemisfério.
A população deve se imunizar contra a influenza todos os anos para “treinar” o sistema imune, que vai conhecendo e aprendendo a combater inimigos diferentes com o passar do tempo. É como se fossem sendo adicionados novos livros a uma biblioteca em formação.
— Quanto mais a pessoa se vacina, mais memória imunológica vai ter contra todos esses vírus. Quem se vacina todos os anos tem menos probabilidade de ficar gripado — afirma Tani.
A epidemiologista acrescenta ainda que, com o uso de máscara, o distanciamento social e o maior tempo de permanência em casa por parte da população ao longo da pandemia, a circulação de outros vírus diminuiu. O que se vê de meses para cá, depois do protagonismo do coronavírus e do controle proporcionado pela vacinação contra a covid-19, é a circulação dstes outros vírus.
— Neste momento em que outros vírus, que não o sars-cov-2, começaram a se manifestar, a indicação é tomar a vacina da gripe. Esta não prevê proteção contra o H3N2 [cepa Darwin], mas também é para o A H1N1 e para o B — diz Tani.