Além da covid-19, outro vírus voltou a incomodar os brasileiros: o da influenza, que provoca a gripe. Após o Rio de Janeiro relatar surtos da doença, São Paulo também já enfrenta aumento dos casos por conta do H3N2. Situação que deve se espalhar pelas grandes cidades do Brasil nas próximas semanas, segundo afirmou a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucch, em entrevista ao Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (15).
— Não é só a covid que é grave. O [vírus] influenza, a gripe, também é. Já tivemos algumas epidemias que foram devastadoras, inclusive do vírus influenza — disse.
Dados mostram que ao longo de 2020, o sars-cov-2 (coronavírus) dominou o cenário brasileiro e mundial. Praticamente, não foram registrados casos de gripe no ano passado. A partir do segundo semestre de 2021, no entanto, com o avanço da vacinação contra a covid, outros vírus respiratórios começaram a reaparecer.
A especialista disse que a mesma regra (intervalo entre doses) vale para a vacina contra a covid e contra a gripe.
—As pessoas têm que tomar a vacina da gripe a cada nove meses, porque o nível de proteção diminui, assim como pra covid. Não a cada ano, como muitos pensam — alertou.
Além disso, a cada ano, uma vacina com composição diferente é usada na campanha nacional. Projetado a partir de estudos em centros de saúde e hospitais e modelos matemáticos, o imunizante traz proteção para as variações de vírus que devem dominar aquele período.
Se tratando de uma mutação do vírus influenza, Raquel afirmq que o H3N2 estará contemplado na vacina que será usada na campanha de imunização contra a gripe no ano que vem.
— A gripe é um vírus sazonal. Normalmente ela aparece entre os meses de abril e julho, na passagem do outono para o inverno. Uma epidemia de gripe próximo do verão não é comum — disse Raquel, ressaltando a importância da vacinação.
Segundo o Ministério da Saúde, a campanha de imunização contra a gripe, na edição 2021, começou em abril e foi prorrogada várias vezes por conta da dificuldade de se atingir a meta de se vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários, que incluem crianças, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e trabalhadores da saúde. Apenas 78% desse público-alvo foi efetivamente vacinado neste ano. Entre as crianças, o percentual é de 71%.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vacinação contra a gripe ocorre no Brasil desde 1999. A vacina é gratuita e bebês a partir dos seis meses já podem receber o imunizante.