A Secretaria Estadual da Saúde da Bahia (Sesab) confirmou na quarta-feira (15) a primeira morte causada pelo vírus Influenza A H3N2. O Estado, assim como São Paulo e Rio de Janeiro, vive um surto de gripe.
A paciente era uma idosa de 80 anos, residente em Salvador e que não havia sido vacinada contra a gripe, embora o imunizante disponível neste ano não contemple esta cepa especificamente. Ainda não foi confirmado se o óbito está relacionado à mutação do H3N2 nomeada de Darwin e que provoca o aumento de casos pelo país.
Segundo a Sesab, em último boletim divulgado, a Bahia já confirmou 93 casos de Síndrome Gripal (SG) com resultado positivo para Influenza A H3N2. Destes, 15 evoluíram para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e necessitaram hospitalização. Os pacientes têm idades entre nove a 85 anos.
Na tentativa de conter o avanço dos casos, Salvador organiza nesta sexta-feira (17) um mutirão de vacinação exclusiva contra a gripe.
— Essa cepa Darwin, que é a cidade da Austrália onde ela foi identificada, não está coberta dentro da vacina de 2021, que protege contra a cepa Hong Kong. A gente acabou empurrando para o verão a ocorrência de viroses, não só gripe, mas também resfriados e outras doenças. Isso é por conta do relaxamento das medidas de prevenção contra o coronavírus — destaca Paulo Gewehr, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
A consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucch, em entrevista ao Timeline, da Rádio Gaúcha, na quarta-feira, afirmou que o aumento dos casos por conta do H3N2 deve se espalhar pelas grandes cidades do Brasil nas próximas semanas.
— As pessoas têm que tomar a vacina da gripe a cada nove meses, porque o nível de proteção diminui, assim como para covid. Não a cada ano, como muitos pensam — alertou.
Situação no RS
A epidemiologista Tani Ranieri, chefe da Vigilância Epidemiológica do CEVS, afirma que o H3N2 não é um vírus novo. Foi identificado em 1968, quando provocou uma epidemia chamada Influenza de Hong Kong. No entanto, desde 2020, quando teve início a pandemia de coronavírus no mundo, esse subtipo do vírus da Influenza não era identificado pelas unidades sentinelas da rede nacional de saúde, que monitora casos de síndrome gripal — o cenário estava tomado pelo Sars-COV-2.
Segundo Tani, o Rio Grande do Sul já identificou cinco casos de H3N2 em dezembro, no entanto, ainda não é possível afirmar que se trata da Darwin. As amostras identificadas pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) ainda estão em fase de sequenciamento genômico na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), etapa que vai identificar o material genético para entender a linhagem do vírus.
São Paulo fará testes rápidos nos postos de saúde
Com um aumento no número de pacientes com síndrome gripal, a cidade de São Paulo vai realizar testes rápidos de antígeno nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), nos Prontos Atendimentos (PAs) e nos prontos-socorros, para identificar casos positivos de covid-19. Segundo a prefeitura da capital paulista, essa medida dará agilidade aos diagnósticos.
Só na cidade, nas duas primeiras semanas, foram confirmados 91.882 casos de gripe contra 45.325 de covid-19. O número é praticamente o dobro do mês de novembro inteiro, quando a Secretaria Municipal de Saúde local informou que atendeu 111.949 pessoas com sintomas gripais, mais de 56 mil delas com suspeita de covid.