Um estudo feito com 1.310 profissionais da saúde do Hospital de Clínicas de São Paulo revelou que, após a aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19, a produção de anticorpos quase beira a totalidade, alcançando 99,7% de proteção. Os participantes receberam duas doses de CoronaVac e uma dose de Pfizer.
A pesquisa começou em ainda em março de 2020, no início da pandemia. Segundo Silvia Figueiredo Costa, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenadora do estudo, em um primeiro momento, foram coletadas amostras de mais de três mil funcionários que lidavam diretamente com pacientes de covid-19.
Ainda sem a vacina, a sorologia dos participantes, que avalia a produção de anticorpos contra o vírus, foi positiva entre 11% a 15% dos funcionários que não tinham tido covid com sintomas. Entre a primeira e a segunda dose, essa produção foi para 30%. Já com a segunda dose 89% e, finalmente, com a dose de reforço a 99,7%.
— Assim como a Influenza, que todo ano nós temos que vacinar para ter proteção, nós já imaginávamos que com a covid teríamos que ter vacina pelo menos anualmente. O que esse trabalho mostra é que a terceira dose, pelo menos nesse momento da pandemia, é fundamental — disse a infectologista em entrevista ao Gaúcha Mais, da rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (22).
Silvia ainda relembrou que a terceira dose é importante para conter a pandemia, pois há parte da população que não está com o esquema vacinal completo e as crianças ainda não podem se vacinar. Segundo a infectologista, a terceira dose ativa a chamada imunidade de memória, que é a capacidade do sistema imune de reconhecer um antígeno.
— Em toda a situação de vida a gente precisa estar cuidando o tempo todo, como a forma física, a alimentação... É a mesma coisa com a covid, é um cuidado contínuo — compara a profissional.
Os participantes do estudo receberam uma dose de Pfizer após duas de CoronaVac. Mas a pesquisadora enfatiza que outros esquemas vacinais, com outras vacinas, também podem chegar a bons resultados. Silvia ainda relembrou que estudos já demonstraram que a terceira dose protege contra a variante Ômicron.
— Nós já sabemos que, no decorrer do tempo, com seis meses, já começam a reduzir os anticorpos. Então, nesse momento, nós vamos precisar de um reforço. A partir do momento que o sistema imunológico começou a reconhecer mais o vírus, como é o caso agora da dose de reforço, rapidamente após uma dose já começa a ter uma produção de anticorpos muito mais elevada, que foi o que encontramos.
Segundo a coordenadora do estudo, entre os 1.310 participantes, apenas quatro profissionais não apresentaram soroconversão, que é a produção dos anticorpos.
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