Após quase cinco meses sem receber a vacina contra a covid-19 da Janssen, o Ministério da Saúde recebeu um lote com 1 milhão de doses nesta sexta-feira (12). A nova remessa faz parte do contrato entre o laboratório Jonhson & Jonhson e a pasta, que prevê 38 milhões de doses até o fim deste ano. O cronograma está bem atrasado.
Do total negociado, apenas 1,8 milhão foram entregues ao governo federal em junho – o restante começaria a ser recebido a partir de outubro. Porém, no mês passado, nenhuma dose do laboratório chegou ao Brasil.
Nesta semana, o Ministério da Saúde atualizou o cronograma de entrega de vacinas covid-19 para 2021. O calendário prevê o recebimento de 7,7 milhões de doses da Janssen em novembro e 28,4 milhões em dezembro, fechando os 38 milhões.
Reforço para a dose única
Os atrasos na entrega do imunizante ao Brasil geraram um desafio para o governo federal. Com o avanço na campanha de vacinação e a entrega de lotes robustos das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca no segundo semestre, o Ministério da Saúde estuda como aplicar o imunizante produzido pela Jonhson & Johnson na população.
A vacina da Janssen é de dose única, diferentemente das outras aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que preveem duas doses. O imunizante só pode ser aplicado em pessoas acima de 18 anos.
Uma das alternativas pensadas é dar uma dose de reforço para quem tomou a da Janssen - medida já adotada nos Estados Unidos, por exemplo. Para isso, o laboratório precisa da aprovação da Anvisa para que a informação conste na bula da vacina.
A agência reguladora e a Janssen se reuniram no final de outubro para tratar sobre o tema. De acordo com a Anvisa, o laboratório não havia entrado com solicitação até a manhã desta sexta-feira (12).
O Ministério da Saúde, entretanto, pode emitir uma orientação para utilizar a vacina da Janssen como reforço para quem recebeu a sua dose única independentemente da Anvisa, caso entenda que seja necessário para controlar o cenário epidemiológico da doença.
Essa orientação, inclusive, já consta em notas técnicas do ministério relativas à recomendação de dose de reforço para profissionais de saúde, idosos acima de 60 anos e imunossuprimidos. Nos documentos, a pasta afirma que, preferencialmente deve ser utilizada a vacina da Pfizer para terceira dose. Porém, em caso de falta, as vacinas da Janssen e da AstraZeneca também podem ser usadas no público elencado.
A decisão do Ministério da Saúde sobre as doses da Janssen deve ocorrer nos próximos dias. A pressa também vem por conta do prazo de validade: o lote com 1 milhão de doses recebido nesta sexta pode ser usado somente até janeiro de 2022.
GZH questionou a Janssen Brasil sobre o cronograma de entregas do laboratório, além da intenção de solicitar à Anvisa a aplicação de uma dose de reforço no Brasil, e aguarda retorno.