Na próxima semana, um grupo com pesquisadores de várias cidades do Estado vai circular pelo bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre. O objetivo é questionar cerca de 400 pessoas vacinadas contra a covid-19 para que elas falem sobre os efeitos adversos que tiveram depois da vacinação — inclusive quem não sentiu nenhum efeito.
Apesar de serem comuns, sintomas como febre, dor no local da aplicação e até alguns efeitos gripais têm um número muito baixo de registros oficiais. As pessoas não procuram os órgãos de saúde para registrar as reações, como explica o coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre e um dos representantes do estudo na Capital, Fernando Ritter.
A escolha pelo bairro Partenon se deve pelo alto índice de vacinados na comunidade com ao menos uma dose — cerca de 80% dos mais de 32 mil moradores. A amostra epidemiológica deve ser de 336 pessoas, conforme Ritter. Para garantir que o número será atingido, foram sorteados 420 moradores do bairro no sistema da prefeitura que mostra quem já se vacinou.
Os dias previstos de pesquisa em campo, com os questionários sendo aplicados aos moradores, são terça (19) e quarta (20). No sábado que vem (23), o grupo já pretende divulgar um relatório com os dados que vão ser obtidos no bairro da Zona Leste.
— Serão cerca de 20 perguntas. Não tem teste, exame, agulha, nada disso. Serão feitas apenas perguntas aos moradores para entender a percepção deles dos efeitos da vacina da covid-19 — explica Ritter.
Fiocruz
A pesquisa é realizada pelo curso de especialização em Epidemiologia de Campo (EpiSUS Intermediário), ofertado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS). Os profissionais que aplicarão o questionário estarão identificados com crachás dos órgãos de atuação, além de camisetas e mochilas do curso. Eles percorrerão o bairro em duplas, sendo acompanhados por agentes comunitários de saúde. Cada dupla terá um agente junto na atividade.
O trabalho de campo vai ocorrer simultaneamente em Porto Alegre e nas outras 26 capitais brasileiras, além de um município de São Paulo. Segundo a prefeitura da Capital, "o objetivo é contribuir para a localidade que receberá os profissionais em treinamento e possibilitar a vivência prática do método epidemiológico". Todos os custos da pesquisa e da execução do trabalho são bancados pela coordenação do curso.