Após a decisão do Ministério da Saúde de não contemplar a CoronaVac na campanha de vacinação contra a covid-19 em 2022 — justificando que o imunizante tem baixa eficácia em idosos acima de 80 anos — o Instituto Butatan, responsável pela produção no Brasil, rebateu a pasta. De acordo com o instituto, a informação divulgada pelo MS é "equivocada".
Segundo o Butatan, "todas as pessoas idosas têm resposta imune inferior a outras faixas etárias, o que ocorre com todos os imunizante", o que não justificaria a medida do Ministério da Saúde.
Em nota, o Butantan cita os dados de eficácia da CoronaVac diante de um estudo com 60 milhões de brasileiros vacinados com imunizante, entre janeiro e junho de 2021. Os resultados apontam que a vacina produzida em parceria com farmacêutica chinesa Sinovac tem uma efetividade superior a 70% para evitar casos graves, internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes causadas por covid-19, inclusive entre idosos.
O diretor de Programa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Danilo de Souza Vasconcelos, e a secretária do mesmo setor, Rosana Leite de Melo, afirmaram, em ofício enviado à CPI da Covid, no Senado, que o motivo pelo desuso da vacina também se dá pelo status de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A CoronaVac, assim como a Janssen, recebeu o registro apenas para uso emergencial. Já as vacinas Pfizer e AstraZeneca foram as únicas que, no Brasil, obtiveram o registro definitivo.
O Butantan informa que já enviou o estudo com parte dos dados de imunogenicodade da CoronaVac pedidos pela Anvisa, para que a vacina receba autorização de uso definitivo, mas a agência pediu novas mudanças, e um novo documento será enviado pelo instituto.
Veja a nota do Instituto Butantan na íntegra:
O Instituto Butantan esclarece que A CoronaVac tem sua efetividade comprovada em pessoas acima de 80 anos em estudos que estão sendo divulgados frequentemente em publicações de relevância internacional. A informação é equivocada, já que todas as pessoas idosas tem resposta imune inferior a outras faixas etárias, o que ocorre com todos os imunizante.
Uma pesquisa realizada com 60,5 milhões de brasileiros vacinados entre janeiro e junho de 2021 mostrou que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, tem uma efetividade superior a 70% para evitar casos graves, internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes causadas por Covid-19, inclusive entre idosos.
Do total de pessoas avaliadas que haviam completado o esquema vacinal com CoronaVac (ou seja, tomado as duas doses), 72,6% apresentaram menor risco de hospitalização, 74,2% menor risco de admissão em UTI e 74% menor risco de morte. Em relação às pessoas entre 60 e 89 anos, a efetividade da vacina foi ainda melhor: 84,2% contra hospitalizações, 80,8% contra internações em UTI e 76,5% contra mortes.
O Butantan já enviou o estudo com parte dos dados de imunogenicodade da CoronaVac requisitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a vacina receba autorização de uso definitivo. Apesar de validados, a agência novamente pediu mudanças nos métodos analíticos. Com o objetivo de sanar a questão, o Butantan fechou um acordo com a Sinovac para que as análises complementares de imunogenicidade sejam realizadas em parceria com o laboratório. As amostras estão em trâmites legais para envio e análise no padrão requerido pela Anvisa.