O combate à pandemia chegou, nesta semana, a um novo patamar no Rio Grande do Sul: na quinta-feira (9), 90% de todos os gaúchos acima dos 18 anos haviam recebido uma dose de vacinas contra a covid-19. E, na quarta (8), 50% dos adultos haviam completado o esquema vacinal, segundo registros informados por prefeituras à Secretaria de Estado da Saúde (SES-RS).
Os indicadores já subiram nesta sexta-feira (10), quando o Estado passou a ter 51% da população acima dos 18 anos com esquema vacinal completo – isto é, recebeu duas doses ou dose única da Janssen – e manteve 90% de gaúchos adultos com uma dose. Em Porto Alegre, metade dos habitantes havia recebido duas doses em 9 de agosto.
Dos 11,3 milhões de habitantes do Rio Grande do Sul, 7.763.144 receberam uma dose, 4.269.705 receberam duas aplicações e 299.387 ganharam a dose única da Janssen. Quando se leva em conta todos os gaúchos, 70,9% receberam uma dose e 40,2%, duas doses. Segundo o governo do Estado, todos os municípios gaúchos já oferecerem vacinas à população com 18 anos ou mais.
As marcas são atingidas na mesma semana em que o Rio Grande do Sul começa a aplicar a terceira dose em idosos que vivem em asilos, uma decisão para reforçar o sistema imune dos mais vulneráveis. Estudos apontam que, ao longo dos meses, praticamente todas as vacinas perdem eficácia para idosos.
Indicadores de população “apta a se vacinar” são acompanhados por especialistas porque pessoas acima dos 18 anos estão aptas a se vacinar. Mas, a partir da próxima quinta-feira (15), o Rio Grande do Sul estará liberado pelo Ministério da Saúde para vacinar adolescentes de 12 a 18 anos sem comorbidades, o que permitirá a aplicação em mais de 800 mil jovens.
Cálculos de imunidade coletiva levam em conta não a população apta a se vacinar, mas todos os habitantes de uma região – com a variante Delta, estima-se que seja necessário aplicar duas doses em 85% a 90% das pessoas.
Na comparação com o resto do Brasil, o Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com maior cobertura vacinal de duas doses, atrás do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, e o segundo na aplicação de primeira dose, atrás de São Paulo. Os dados são do Portal Covid-19 no Brasil.
Nesta nova fase, autoridades agora se focam em reduzir abstenções e realizar a busca ativa – ou seja, ir atrás de pessoas que ainda não se vacinaram.
Para o médico Eduardo Sprinz, chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atingir 50% da população adulta com a segunda dose é o "marco inicial" de controle da epidemia de covid-19. Ele cita que vacinados, além de adoecerem menos, transmitem menos.
— Metade da população tem chance diminuída de ter covid grave, o que inclui a população mais vulnerável. Isso é, sem dúvida alguma, uma boa notícia. Não dá para relaxar, mas dá para ficar mais confiante de que estamos indo na direção certa. Podemos sonhar em controlar essa pandemia — diz o infectologista, que coordena estudos sobre vacinas no Hospital de Clínicas.
A marca foi comemorada pela secretária-adjunta de Saúde do Rio Grande do Sul, Ana Costa. Ela elogiou o trabalho de municípios em realizar a busca de quem ainda não se vacinou.
— O Rio Grande do Sul fez um caminho, degrau a degrau, com consistência, união e solidez. É uma alegria saber que estamos galgando com rapidez para proteger as pessoas. Agora, temos três desafios: alcançar a segunda dose em todos que tomaram a primeira, aplicar a dose de reforço em que for elegível e chegar aos adolescentes sem comorbidades — afirmou.
Pesquisa do Datafolha de julho mostrou que apenas 5% dos brasileiros não quer se vacinar. Ana Costa diz que o Estado buscará essas pessoas.
— Chegamos aos 90% dos adultos com uma dose. Agora, vamos chegar nos 5% que faltam. Cada pessoa vacinada é uma pessoa protegida. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 90% das pessoas. Mas a meta do Rio Grande do Sul é vacinar 100%. E estamos obsessivos com essa meta. Faremos a busca ativa — acrescenta a secretária-adjunta de Estado da Saúde.