O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a comentar sobre o recuo da pasta na vacinação contra a covid-19 de adolescentes sem comorbidades, que causou polêmica na semana passada. Nesta segunda-feira (20), Queiroga deu indicativos de que pode voltar atrás na orientação, mas reforçou que a prioridade do Governo Federal agora é a imunização de pessoas acima de 18 anos.
— Eventos adversos da vacina existem e não são motivo para suspender campanha de vacinação ou se relativizar os seus benefícios. Mas a autoridade sanitária tem que avaliar esses casos até para que faça as notificações devidas. Mesmo que tenha sido um evento adverso ligado à vacina, não invalida a vacinação. O que o governo já defendeu é que os adolescentes deveriam ser vacinados depois. Precisamos avançar nos acima de 18 anos. É questão de prioridade e de logística — disse.
Um evento adverso grave, relacionado à morte de uma adolescente de 16 anos em São Bernardo do Campo (SP) no dia 2 de setembro, foi uma das justificativas usadas pelo Ministério da Saúde para pedir que estados e municípios parassem com a vacinação de adolescentes sem comorbidades.
O Governo de São Paulo afirma que o óbito foi ocasionado por uma doença autoimune e não pela vacina. A Pfizer Brasil também diz que a morte não possui relação com o seu imunizante.
— Em breve teremos uma definição desse caso, dessa adolescente. Assim que tivermos um dado concreto passaremos para a sociedade brasileira — disse Queiroga.
O ministro da Saúde está na comitiva do presidente Jair Bolsonaro que foi aos Estados Unidos para participar da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Queiroga também adiantou que Bolsonaro poderá falar sobre uma possível doação de vacinas covid-19 do Brasil para outros países durante seu pronunciamento, na abertura do evento.
Caso aconteça, será uma clara tentativa de Bolsonaro de dizer que o Brasil está bem-sucedido na campanha. De acordo com dados do próprio governo, 89% da população brasileira acima de 18 anos está vacinada com a primeira dose e 50% completou o esquema vacinal com a segunda dose ou a dose única da vacina.
— Às vezes, acelerando demais, você escorrega na curva. O Brasil já vai muito bem na vacinação. Temos uma perspectiva real de ter toda a população acima de 18 anos vacinada com as duas doses até outubro. Já começamos a distribuir vacinas para os idosos para a dose de reforço. Quantos países fizeram isso no mundo? São poucos — reforçou Queiroga.
Assunto pode parar na CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid levantou a possibilidade de convocar Queiroga para explicar a orientação de suspender a vacinação contra a covid-19 de adolescentes sem comorbidades. Caso a convocação seja oficializada, será a terceira vez que o atual ministro da Saúde dará esclarecimentos à CPI. Os senadores querem saber se houve alguma influência política ou ideológica na decisão do Ministério da Saúde.